quarta-feira, 16 de junho de 2010

Amanhã é 26


Quando eu nasci eu entortei o bico da cegonha, que peidou o caminho inteiro carregando um bebê de 4,5kg. Dizem que a cegonha Velma, que me carregou, pediu demissão no dia do ocorrido e até hoje busca seus direitos junto ao sindicato das cegonhas com LER. No dia que eu cheguei meu pai comprou o Estadão e guardou. Uns 20 anos depois eu achei aquele jornal amarelado, com notícias de um país saído da ditadura, onde se comprava em cruzeiro, cruzado, cruzado novo, sei lá!
Eu fiquei na escolinha, porque minha mãe já era Mothern e trabalhava fora, e o Thiago Brito, meu coleguinha, bateu a porta no meu dedo indicador direito quando eu tinha 3 anos. Minha unha nunca cresce nesse dedo que é o terror das manicures.
Não fui uma criança sozinha, porque tive primeiro um irmão, cujo passatempo predileto era cortar os cabelos das minhas Barbies com tesoura de papel, e na falta das bonecas o meu próprio cabelo servia; e depois uma irmã, que adorava me ver me maquiando e sempre quis ser como eu (tadinha hehehe).
 Eu tive um cachorro que chamava Feliz e que eu achei na rua. A gente ia pra escola na Brasília verde da minha mãe e o Feliz ia correndo atrás.Era quase certo que a brasília ia quebrar uma vez na semana, aí o Garcia vinha e levava a gente pra escola. O Garcia era mecânico e grande defensor dos animais, por isso dava também uma carona pro Feliz voltar pra casa. Eu apanhei da Talita.
Fiz muita roupinha de boneca, li Monteiro Lobato e descobri que eu queria ser escritora!
Fui a adolescente de 13 anos mais feia do mundo! Quis ser bailarina, jornalista, relações públicas, professora. Acabei advogada - mas continuei escritora.
Estagiei em uma cadeia feminina, vi muito sofrimento e percebi que a gente só muda o mundo quando a gente muda.
Voltei pra São Paulo e me apaixonei pelo meu chefe! Meses a fio de paixão platônica, e acabei conquistando o coração do escorpiano. Sabe quando a gente quer ser muito fêmea, e diz que não acredita em príncipe encantado, alma gêmea e tampa da panela? Pois é, caí do cavalo (branco)!
Conquistei Little Big, fui namorada do papai, sonhei em casar pela primeira vez e fui pedida em casamento.
Então tudo o que já tinha acontecido foi fichinha perto do grande acontecimento! Eu era mãe!Durante 9 meses eu tive dentro de mim uma revolução, que quando nasceu me mostrou que nada foi por acaso, que durante todos esses anos eu caminhei na direção dele, daqueles olinhos que viam o mundo pela primeira vez mas que já eram tão sábios!
Eu amamentei, troquei fralda, dei banho, brinquei e brinquei e brinquei... Voltei a trabalhar e me senti culpada, chorei de saudade e quis desistir. Eu já era mãezíssima, daquelas que fazem bolo de cenoura e pedem pra levar um casaquinho.
E assim se foram 26 em 10 parágrafos.