sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Abortos pulmonares, equipes de resgate e "só doi quando eu respiro"

Não sei se foi o cigarro, a cerveja, o frio, o tempo seco ou as semanas a fio indo pro buteco toda noite..só sei que meu corpo finalmente entrou em colapso! Bolas atrás da orelha, uma tosse horrível, dores no pulmão direito, olhos lacrimejando enfim, era praticamente o Armagedon se manifestando em todos os meus sentidos.
Eu tinha que tomar uma atitude! Mas qual???
Pronto Socorro?
Não...tenho medo de morrer naquelas macas de corredor que sempre passam no Jornal Nacional, nas mãos de algum médico boliviano que amputou minha perna direita ao invés de fazer uma inalação.

Todas as pessoas que dirigiam estavam fora de casa, me contorcia sozinha tentando não tossir ainda mais para não completar o aborto natural que sofria o meu pulmão direito. O desespero tomou conta de mim, e repentinamente preocupações que antes eu nunca tinha tido pipocaram no meu pensamento:

"Se eu morrer agora, quem irá no meu enterro?"
"As pessoas vão se lembrar de mim como se eu nunca tivesse feito nenhuma merda durante a vida?"
"Vão me passar aquelas maquiagens anos 80 quando eu estiver no caixão?"
"Caralho, eu nem experimentei todas as drogas que eu queria!"
"Cadê a porra da minha carterinha do plano de saúde?"
"Eu quero minha mãe!!!!!" (Tudo bem, esse pensamento já tinha passado pela minha cabeça, várias vezes, mas eu tenho que manter a minha fama de durona, então vamos fingir que foi só nesse momento de extrema necessidade!)

Ilhada entre o aborto espontâneo de um pulmão, o sumiço da carteira do meu plano de saúde e um breve ataque alérgico relacionado à maquiagens dos anos 80, não restou mais nenhuma opção a não ser... Ligar para um ex-ficante. Sim, eu apelei, e isso vai contra todas as regras das mulheres solteiras de 20 e poucos anos que ainda conservam o mínimo de caráter, mas se tratava de um Armagedon, e eu precisava de um ombro amigo (ainda mais se o ombro viesse acompanhado por um braço da largura do meu pescoço!).
Em poucos segundos meu resgate chegou, sendo composto de: um ex-ficante, a Bocão chingando a atendente do plano de saúde, a Cúia, excepcionalmente branca, correndo pelo Restaurante Universitário da Faculdade tentado encontrar alguém que dirigisse e a Baby já tirando o carro da garagem.
Cheguei no Hospital escorada no ficante e a cada suspiro eu sentia que meu pulmão estava prestes a ser realmente expelido pelo meu corpo.Fui ao banheiro e tirei o sutiã pra respirar melhor e tive que agüentar o guardinha do hospital de olho no meu farol aceso. Nem morrendo a gente tem um pouco de paz...
Resultado da Aventura:

  1. Vou ter que ficar três dias de repouso, ainda bem que esse é o terceiro e último, e hoje eu já posso ir pro bar.


  2. Nunca mais ando com carteiras de plano de saúde vencidas, e estendo o conselho a qualquer mulher solteira que more longe dos pais.


  3. Vou deixar um testamento, pedindo que o Duda Molinos faça meu make up no velório, porque morrer com a cara da Sônia Braga em Dancin´g Days é muita humilhação!!!


  4. Contratei um jagunço e dei pra ele a lista de todas as pessoas que eu espero que compareçam ao meu enterro. Portanto, se eu morrer, apareça pra me dar adeus, ou você pode acabar tendo o mesmo destino que eu!


  5. Passei minha doença pulmonar para o ex-ficante, mas enfim, ele é maior de idade e vacinado, sabia o risco que corria! (sim eu estou sendo má, o cara realmente foi um fofo e eu sei que terei de retribuir a gentileza...)


  6. Por último, porém não menos importante, descobri que tenho amigas que nunca me deixariam morrer de aborto pulmonar, que com certeza compareceriam ao meu enterro e que jamais, em hipótese alguma, permitiriam que eu fosse enterrada com cara de Madona quando ela ainda era puta e não lia a cabala.


Meninas, obrigada! Pela preocupação de todas e pelo senso de humor até nas horas mais difíceis!



Amo vocês!



Ass: O Pombo Mais Legal desse mundo!!!



Ps: com a licença poética do "só doi quando eu respiro", já que meu aborto pulmonar me fez sentir na pele essa emoção...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Quando a mulher honesta encontra o homem-médio

Quem é a mulher honesta?
Ou ainda quem é o homem médio?
Ninguém até hoje descobriu...
Mas o dia em que eles se encontrarem será o relacionamento juridicamente perfeito.
Eles manteriam uma união estável.
Depois assinariam um acordo-pré nupicial e se casariam com comunhão parcial de bens.
Então na lua-de-mel realizariam conjunção carnal (o que a mulher honesta nunca tinha feito até aquele momento).
Da conjunção resultaria um nascituro (que já tem seus direitos resguardados pelo Código Civil).
O nascituro cresceria e se tornaria um menor impúbere.
Desconfio que a mulher honesta seja a Sandy...e o homem médio pode ser o Alkmin! (eca...)
Coisas perfeitas e jurídicas me dão um certo nojinho....Efeito da monografia!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Carta ao Sentimento de Culpa

Caro sentimento de culpa,

Como você tem aparecido por aqui com tanta frequência, resolvi te enviar esta carta pra esclarecer essas suas repentinas aparições.
Primeiro não sei como deveria chamá-lo. Seria de "caro", ou "querido" e talvez "necessário", quando na verdade gostaria de chamar de "seu sentimentinho filha da puta".
Você aparece nas horas mais impróprias e sempre sem ser convidado! Pode ser por um dia em que acordamos tarde (leia-se depois do meio dia) e não fizemos absolutamente nada. Pela barra de chocolate devorada até a última ponta. Ou então por aqueles momentos que não passamos com as amigas pra aproveitar o namorado. E ainda, quando você surge naquele almoço de domingo, porque não temos um namorado enquanto todas as nossas primas o tem e te olham com cara de pena.
O pior sobre você, na minha opnião, não é o simples fato da sua existência, e sim suas conseqüências. Por sentir-se culpada uma mulher pode fazer as coisas mais idiotas. Coisas essas que, não fosse a sua presença, ó famigerado sentimento, nunca faria.
Por estar na sua compania, a gente pode acabar sem ter coragem de se dar ao luxo de não fazer nada durante um dia, sendo engolida pelos milhões de coisas que temos pra fazer em todos os outros.
Podemos passar a contar as calorias de todas as coisas que comemos, mesmo sem saber se as informações das embalagens são fiéis à realidade.
A gente pode ainda passar a se sentir mal toda a vez que está com as amigas, pois deixou o namorado a Deus dará, e sentir-se uma traidora toda a vez que está com o namorado, pois a vida das parceiras continua apesar da nossa ausência.
Pior (essa é muito grave), corremos o risco de começar a namorar qualquer babaca por aí, já que sentir-se culpada por ser encalhada não é um sentimento muito agradável de se ter aos 23.
Pra finalizar, vou direto ao ponto.
Você tem estado em minha compania esses dias por dois motivos:

1 - O Primeiro foi um pequeno deslize...Tá, foi um grande deslize...Que envolveu meu anjo da guarda, vodka (muita!), um parachoque arrebentado, e um carro que não é meu . Não necessariamente nessa mesma ordem. Sua presença me fez pensar muito, tenho que reconhecer, e a conclusão a que cheguei é que não adianta ter você por perto! O que está feito está feito (por pior que tenha sido a cagada). E o que me resta é só pagar a funilaria. Bola pra frente! Mas dessa vez eu vou a pé e sem tanto goró.

2- O Segundo ponto é deveras mais complicado. Você veio me cutucar esses dias por causa de um coração partido. Que não era o meu. Veio me dizer que estava de volta já que eu não sentia a mesma coisa por aquela pessoa. Me lembrou sobre as minhas responsabilidades, e deu uma de raposa do pequeno príncipe:"...tú te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"...e blá, blá, blá.
Olha aqui seu sentimentinho desocupado, se eu tenho que me sentir responsável pela dor de cotovelo alheia quem o fará pela minha? E, afinal de contas, se tem alguém no mundo que gosta de mim, a última coisa que eu vou sentir em relação a isso, é culpa.

Portanto isso foi um Adeus, e NÃO um até-logo!
A carta vai em meu nome, mas as minas da república dão o maior apoio, então também não precisa aparecer por aqui tão cedo!

Sol