quinta-feira, 5 de junho de 2014

FIFA! Vai ter Copa!

Já é tempo de Copa minha gente. Levando em consideração que tipo, ontem era janeiro, e agora já estamos em junho (o mês em que as pessoas mais TOP fazem aniversário, apenas o seres mais lindos, fodões e humildes – ou seja, EU). Faz tempo que eu não escrevo então queria falar sobre tantos assuntos que dificilmente o post vai fazer sentido, enfim, OREMOS.

Vai ter copa (ou eu faço o que com o álbum de figurinhas, peço indenização pro Blater?).
Gente a Copa está aí, a FIFA já veio e sequestrou o pagode, o Fuleco,o Pimpolho, quiçá o Tchan. Já nos tolheu o direito de escrever Copa do Mundo 2014 (ops, me processem) e o Felipão já escalou o nosso time (composto por alguns cabeludos, o namorado da Bruna Marquezine, personagens da Marvel e o marido da Suzana Werner de goleiro – quero ver o Douglas explicar a escalação melhor que eu).
O Lucca já comprou o álbum de figurinhas, eu já tive que passar manhãs de domingo a fio em frente à banquinha de jornal do bairro, sendo extorquida por trocadores de figurinhas que queriam 3 normais em troca de 1 prateada (é assim que nascem agiotas minha gente).
O pessoal da rua de traz já pintou tudo de verde amarelo azul e branco. A Casas Bahia já lançou promoção de televisão. O marido já tirou a cueca de sorte da gaveta. O Theo acha que o hino nacional é a música mais linda do mundo (fato que me fez passar a me debulhar em lágrimas cada vez que o escuto – #aloca). Enfim, vai ter copa sim.

Eu sempre torci pra seleção, nunca fui muito de futebol, mas sou super nacionalista, então me chama pra falar mal de todo mundo menos do Brasil. Acho que essa história de ficar detonando nosso próprio país parece muito coisa de filho ingrato sabe. Porque né, mãe de todo mundo tem defeito, sei lá, fala “menas”, ronca, gasta mais do que ganha, escuta menos do que precisa, tem mais sapatos do que todas as mulheres do prédio juntas... Mas se tem alguém de quem a gente não fala mal é dá própria mãe... Não pros outros. Uma coisa é estar entre irmãos e comentar, outra coisa é falar pros vizinhos, primos, pros gringo tudo gente. Aí não dá.

De todo esse movimento do “Não vai ter Copa”, desse boicote que, na minha modesta e humilde opinião, está direcionando energia para o lado errado, eu tiro apenas uma lição: Preciso ensinar meus filhos a amar o Brasil. Apesar de tudo, de nossa educação precária, da falta de ética, dos atrasos, das injustiças. E apesar de todos, de todos que dizem que precisamos olhar pra fora, não só pra fora, mas pros países “desenvolvidos” pra saber o que é bom, sempre colocando o estrangeiro acima do brasileiro, sempre almejando ser algo que gente, vamo combiná, nós nunca vamos ser mesmo. E que bom! Somos um país tão diferente de todos os outros países, tão único... E o resto do mundo já percebeu isso, só falto o brasileiro mesmo perceber.
Não quero que meus filhos cresçam brasileiros frustrados, querendo ser europeus ou americanos. Quero que eles se orgulhem do país onde nasceram. Só esse orgulho, esse sentimento de pertencimento nos faz querer melhorar. Afinal, se moramos em um imóvel alugado não nos preocupamos com reformas, pinturas, encanamento... Nem mesmo nos preocupamos com o que vai acontecer daqui a alguns anos. Na boa, sinto isso de muita gente. Esse despeito em relação ao Brasil e suas crenças, sua cultura, seu povo. Incrível mas muitas vezes são pessoas que estudaram em boas escolas, têm bons empregos, conhecem muitos países... Mas pra essas pessoas o sentimento de inferioridade em relação ao estrangeiro só faz aumentar.

Gente, desculpa se eu fiz a revoltada, com todo esse papo sobre nacionalismos, estrangeirismos, Fulecos, álbuns e afins. Mas é que vocês sabem, tenho uma criatura de 12 anos em casa, que já começou a (graças a Deus) ter aquela opinião formada sobre tudo, sobre o que o amor, sobre o que eu nem sei quem s... opa, volta Mariana, volta.
Enfim, as discussões sobre a Copa passaram a fazer parte do jantar em família lá em casa. Mas a mensagem foi dada. Tentamos explicar pro Lucca que, em nossa opinião, a questão não é a realização do mundial, é muito mais além do que um evento esportivo. A questão é quem são esses brasileiros que são contra “um Brasil atrasado”, mas usam trabalho escravo em suas fábricas; brasileiros que esbravejam que “Não vai ter copa” e também negam aos seu empregados domésticos o FGTS, a hora extra, o horário de descanso; os brasileiros que fazem manifestações contra a corrupção mas falsificam atestados médicos...

Essa não sou eu, também não são meus filhos. Eu também quero mudanças, quero um país melhor pros meus filhos, um país menos hipócrita, mais justo e com oportunidades para todos. Mas, se queremos mudança ela tem que começar assim, dentro de cada família. Que comece na minha, onde vai ter copa, vai ter gol comemorado, vai ter frio na barriga na hora do pênalti. Mas também vai ter amor ao nosso país, respeito a esse povo que quer melhorar e que não precisa de muita coisa pra ser feliz.  Que a mudança comece assim, com amor de mãe e amor à pátria, que vai mesmo ver que um filho seu não foge à luta. E essa é a nossa luta, pais e mães, estão nas nossas mãos os brasileirinhos que serão os próximos governantes, empresários, juízes, professores, médicos... Cabe a nós criar uma geração que ame e respeite o Brasil como nunca antes, uma geração que tenha o tal “braço forte” pra conquistar a igualdade que tanto nos falta, e, por fim, cabe a nós criar pessoas que não troquem 3 figurinhas normais por 1 prateada.

É isso gente, agora é gritar Vai Brasil, abraçar o Fuleco e cair na folia!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Incompatibilidade de agendas


Quando eu era criança eu assistia à Sessão da Tarde. Meus companheiros das tardes durante a semana eram Daniel San, Mussum e Zacarias coando café na meia pro Dedé beber e Brokie Shields divando na lagoa azul. As tardes na casa da minha vó transcorriam em um ritmo bucólico, quase que com o tempo pairando num calor senegalês.

Depois do filme eu e meus 8 primos tomávamos café da tarde. Quase sempre pão amanhecido “ressuscitado” na manteiga e frigideira bem quente. Cada um tomava uma caneca de leite (contada por cabeça), a minha irmã quase sempre vendia a dela. Garota esperta. E sabe, tá pra nascer café da tarde mais gostoso que esse. Nem o banquete vespertino do Ritz de Santiago do Chile me fez ser mais feliz do que o pão fritinho da casa da minha avó.
E era lá que tudo acontecia. As brincadeiras, lições de casa, conversas no quintal... E a gente foi crescendo assim, à base de Karatê Kid e filmes do Didi, e no final das contas foi tudo muito bom, tudo deu certo, nós crescemos e só o que guardamos foram lembranças boas da casa da vó Ina. E eu tinha uma vontade imensa de poder proporcionar essas tardes de “ócio criativo” pros meus filhos. Mas gente, isso não me pertence, confere?

Com mãe e sogra far far away, marido viajando mais do que o esperado e eu aqui, sendo mãe que trabalha, faz espanhol e vai na academia, como faz pra dar tarde de ócio criativo pras criança tudo gente? Sério, o Theo andou ficando 12 horas seguidas na escolinha no final do ano passado, por motivos de eu estar sem empregada e fechando projeto no Banco. O Lucca passava o dia todo sozinho, jogando vídeo game com pessoas desconhecidas naquela invenção do capeta que chamam de Playstation network. Eu estava cansada, eu estava mal, eu queria que meus filhos comessem pão fritinho e eu queria jogar o PS3 pela janela.

Então fiz a única coisa que mães paulistanas que trabalham podem fazer. Enchi o dia deles de atividades. O Lucca tem inglês de segunda e sexta. Terça e quinta os dois tem atividades no Clube, o Theo faz baby gim, uma aula na ginástica artística que desenvolve o equilíbrio, agilidade e coordenação motora, que a pessoa tarra só andando na ponta do pé, e eu achando que a culpa, é claro, era minha. O Lucca faz futebol. Os dois chegam em casa parecendo que rolaram durante 2 horas no chorume do chão da balada. Daí tomam banho e dormem. Cabe ressaltar que toda essa epopeia de atividades envolve uma logística providenciada por mim, com direito a motorista, empregada, os dois sozinhos no clube com a empregada, uma gastrite recém adquirida e muita fé em nossa senhora do bom parto, amém.
E eu chego em casa e fico tentando acordá-los em vão aproveito pra descansar e me preparar pro dia seguinte. Quartas e Sextas é minha vez de ir pra academia, então chego em casa depois das 10, e eles já estão dormindo. E eu fico me sentindo mãe de merda até umas 2h da manhã, quando finalmente o sono chega.

Está rolando uma incompatibilidade de agendas lá em casa. Quando estou em casa eles estão dormindo, quando estou no trabalho eles estão nas atividades, quando eu estou dormindo eles estão dormindo (ou jogando Playstation com desconhecidos de madrugada e ficando 1 mês de castigo por isso)... Eu me pego pensando se estou fazendo a coisa certa. Se não era melhor que eles ficassem em casa assistindo o Daniel San pintar a cerca e encerar o carro como se não houvesse amanhã, com o senhor Miaggi rindo litros por dentro. Gente, me deixa, é um clássico e está passando hoje na sessão da tarde! (alguém se lembra dele fantasiado de chuveiro na festa da escola? Daniel San GÊNIO)

Com tantas dúvidas na minha cabeça, resolvi recorrer à única pessoa neste mundo que me entende total e plenamente. Liguei pra minha mãe:
- Oi mãe, tudo bem?
- Tudo filha, e você?
- To bem mãe... Quer dizer, mãe, eu não to bem, to na merda, to terceirizando a criação dos meus filhos pra professores de inglês, técnicos de futebol e empregadas. Chego em casa e eles já estão dormindo, não consigo mais jantar toda noite com eles, será que eu estou fazendo a coisa certa?
- Ai filha, eu passei pela mesma coisa. Lembra que quando você tinha uns 11 anos eu trabalhava em 2 hospitais e dava aula a noite? Quase nunca jantava com vocês. E as sextas-feiras eu fazia aula de pintura, que era o único lazer que eu tinha, e as vezes eu te levava. Não é fácil, mas passa, e vocês três estão aí, bem, tocando suas vidas, sem maiores traumas.
Pausa dramática nessa parte da conversa. Gente, eu JU-RO que não lembro dessa ausência, de toda essa história de nunca jantar com minha mãe, das aulas a noite... A única coisa que eu lembro é das aulas de pintura, que eu amava.
- Mãe, ou eu fiquei com sérias sequelas mentais e apaguei essa parte da minha vida, ou realmente o que importou pra mim foi a sua presença, o tempo que eu tinha com você, as coisas que fazíamos juntas...
- Filha, relaxa. Você está fazendo um bom trabalho.

Pronto, se minha mãe disse que estou fazendo um bom trabalho eu acredito.

E as coisas começaram a se ajeitar. Comecei a acordar os meninos mais cedo, pra aproveitar com eles as manhãs, já que a noite eles já deram “Game Over”, tomamos café juntos e eles me contam as aventuras no clube no dia anterior, assim me sinto menos culpada e eles adoram contar as peripécias deles, estão crescendo mais independentes e responsáveis.
Além disso eu aprendi a bloquear o PlayStation.
Sou mãe, sou trabalhadora, sou marombeira e faço pão fritinho pros meus filhos no final de semana. Beijinho no ombro pra quem julga mães que trabalham.
PS: Gente, to com saudade dos comentários, de modos que comentem e terão meu eterno amor e gratidão ok?

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Bullying nosso de cada dia

*Atenção, esse post contém palavras de baixo calão e cenas de total descontrole emocional. Não digam que eu não avisei... Como já é de conhecimento público e notório de todos os meus leitores, eu fui uma criança muito sacaneada na minha infância. Mas gente, não tinha outro jeito né. A pessoa tinha 9 anos e já tinha lido a coleção inteira do Monteiro Lobato, discutia política com o pai na hora do Jantar, era a única criança da escola (pública) que fazia aula de inglês e passava mais tempo na biblioteca do que no pátio. Eu era nerd, eu era geek, eu usava óculos e eu tinha muitos apelidos. Na minha época não existia essa história de bullying, mas eu fui o exemplo vivo de todo tipo de bulinação possível! Eu apanhei da Talita, quando o estojo made in Paraguay da Juliana Martins apareceu quebrado colocaram a culpa em mim, na minha adolescência tinha até um grupinho de meninas que ficava ligando na casa dos meus pais e fazendo várias ameaças... Sério, até o dia em que eu pedi pra minha mãe pra mudar de escola. Lembro como se fosse ontem que sacanearam todo o meu material na hora do recreio e ficavam mandando bilhetinhos com piadinhas, apelidos, ameaças... Era tenso, tão tenso que um dia eu não aguentei mais e arreguei. Pedi pra sair. Meus pais, assustados e surpresos com a minha reação, porque afinal de contas eu NUNCA tinha contado sobre o que estava acontecendo, resolveram conversar com a escola e cobrar dela providências. Depois disso todos os meus algozes pararam de me bulinar, um deles até me pediu desculpas, e eu continuei na mesma escola até sair do ensino médio. O tempo passou, eu desenvolvi severos traumas e problemas mentais, tornando-me uma piadista crônica, afinal de contas a pessoa que passa anos da sua vida sendo motivo de piada alheia, percebe que a melhor solução é se antecipar e fazer você mesma a piada consigo própria, entenderam? Esse blog é culpa do bullying minha gente! (menos Mariana, menos). Agora, uma coisa é lembrar dessas (muitas) situações pelas quais eu passei, e que não foram legais, mas que fazem parte da minha história e que hoje são exemplos de superação e posts no blog. Outra coisa é quando acontece com um filho. Aí esse blá, blá, blá sobre exemplo, superação e post de blog vai pro saco e a gente quer é ver sangue! Sangue da criança cretina que sacaneia seu filho, sangue da mãe do cretino (que deve ser uma cretina também), sangue do pai cretino, dos avós, sangue até do porteiro do prédio do cretino. Eu já tinha começado a desconfiar que tinha alguma coisa errada com o Lucca quando, no meio do ano, às vésperas de uma prova de geometria, ele me liga desesperado dizendo que estava sem compasso, régua, transferidor e esses instrumentos de tortura todos usados em provas de geometria. Ao que eu respondi “Má Cuma tá sem gente, se a pessoa que vos fala foi na 25 de março debaixo de solquente comprar lista de material COM-PLE-TA no começo do ano? Vai dizer que perdeu?”. “Não perdi Mari, meu amigo quebrou”. Mui amigo. Um cretino, vai vendo. Fiz ele confessar, sob tortura envolvendo o sequestro dos controles do vídeo game, o nome do cretininho que tinha quebrado as coisas dele. Para preservar a identidade dos envolvidos vamos chama-lo de Paulinho, Paulinho Maluf (porque tá pra nascer cretino maior que esse, vamo combiná). maluf Fomos até a escola e caguetamos toda a cretinice de Paulinho Maluf, cumulada com o pedido de um novo material de Geometria às custas de Paulo Maluf, o pai. A escola disse que iria se comunicar com o pai da criança sobre o ocorrido. E nada. Até que chegou o dia do encerramento da Olimpíada da escola. Eu já tinha comentado com o Beto que estava achando o Lucca pouco animado com as atividades de esporte, e nada estimulado com a Olimpíada, diferente de anos anteriores. Ele nem queria ir ao encerramento, mas como valia nota eu obriguei a criatura a comparecer, porque na minha casa não rola democracia quando o assunto é nota (e porque já basta um membro na família ter ficado de recuperação em Educação Física, nesse caso eu, nerd, na escola também conhecida como Sapona, Maria do Bairro, Chiquinha, Zumbi da biblioteca, Lalá Nazira, entre outros apelidos que convém não comentar). Decretei que ele ia ao evento e acabou! Tinha que ir de camiseta da cor da bandeira da equipe. No caso azul. Peguei uma Pólo azul comprada na nossa já comentada viagem aos EUA e deixei separada em cima da cama. “Mari, acho melhor eu não ir com essa camiseta. Me ajuda a escolher outra?”. Já disse isso e foi abrindo a gaveta e tirando todas as camisetas de dentro, revirando tudo, amassando toda a roupa passada. É um mal que atinge aos homens da família. É impossível conseguir pegar alguma coisa em uma gaveta sem bagunçar todos os outros itens que continuam lá dentro. Tragédia. Eu já ia começar a dar o meu piti por conta da gaveta quando realizei “márrr num quer ir com essa camiseta por quá?”. Ao que ele responde “então Mari, é que nessa camiseta tem a marca, e quando eu vou com roupa de marca na escola o Paulinho Maluf e todos os amiguinhos dele ficam dizendo que eu to com roupa falsificada, me chamando de ridículo entre outras coisas”. Pronto. O sangue subiu, eu já comecei a proferir a minha vasta lista de palavrões contra Paulinho Maluf e todos os seus parentes até o 3º grau, chamei o Beto e já queria planejar um sequestro na porta da escola. O pior era que Paulinho tinha sido amigo do Lucca, até já tinha ido dormir lá em casa uma vez. E por isso nós tínhamos o numero de telefone do pai de Paulinho. Rá. “Liga agora e manda ele a merda” foi a primeira coisa que eu disse pro Beto. Ele ligou. O cara não atendeu. “Liga de novo e deixa uma mensagem na caixa postal mandando a merda”. “Mariana, você tá louca? Desde quando mandar a merda vai resolver o negócio do Bullying? Talvez os pais dele nem saibam que ele anda agindo dessa forma, tem que primeiro conversar.” Olha só, que marido sensato gente. Tá certo, tem que conversar. Eu já ia logo partir pra ignorância que filho meu não vai ser sacaneado na escola por Paulinho Maluf, nem por ninguém. No final o Beto deixou uma mensagem super educada na caixa postal de Paulo Maluf Pai, dando o número do celular dele e dizendo que queria conversar sobre algumas situações que vinham ocorrendo na escola. PHYNO esse marido né. Contextualizada toda a história, eu já estava querendo procurar outra escola, porque a atual não estava compensando pelo custo/benefício que vinha oferecendo. E ainda com Paulinho Maluf aprontando as dele, comecei o processo de buscar outra escola que atendesse tanto ao Lucca quanto ao Theo, que daqui há 2 anos vai estar no primeiro ano. Depois de muita pesquisa (que vale até um outro post logo logo), encontrei. Fui com o Lucca visitar e ele adorou o clima, o lugar, as pessoas. Pronto, escolha feita, avisamos na escola anterior e ele, com o final das aulas e sem ter ficado de recuperação (pausa pra dancinha da vitória), começou a se despedir dos coleguinhas e professoras pelo facebook. “Professora Selma, foi muito bom ser seu aluno, mas estou te escrevendo pra te dizer tchau, pois estou mudando de escola. A gente se vê. Um beijo do Lucca”. PHYNO igual ao pai né. E lá estava eu, na secretaria da escola nova, tendo que discutir com a funcionária que não queria me deixar assinar o contrato de matrícula do Lucca porque né, afinal de contas a pessoa não é mãe né (madrasta sofre... Nessas horas eu muito cogito fazer um RG falso pra ele com o meu nome como mãe. Me julguem). Enquanto isso o Luca mexia no facebook pelo smart fone. Como resposta à mensagem de despedida que ele havia deixado pra professora, Paulinho Maluf escreveu “Já vai tarde Lucca, ainda bem que você não vai mais estudar comigo, a sala vai ficar menos fétida no ano que vem”. Não tive dúvida, peguei o celular, disquei, e esperei cair, de novo, na caixa postal. “Paulo Maluf pai, aqui quem fala é a madrasta do Lucca, estou te ligando pra mandar você à merda. Acho que você já sabe por que”. Desliguei o celular e abri um sorriso pra secretaria da escola nova, que ao notar o quão descontrolada dedicada ao enteado eu era, achou por bem permitir que eu assinasse o contrato como responsável. Sensata essa secretária. Voltei pra casa com o Lucca no carro, contando pra ele todas as histórias de bullying que eu já tinha vivido, ou presenciado. Expliquei que sempre fica mais fácil resolver a situação quando falamos com nossos pais sobre o que está acontecendo. Foi o único jeito de resolver o meu problema, e ia resolver o problema dele também. Algumas horas depois... Estamos todos em casa comendo pizza, enquanto o Theo dança a música de abertura de “Dora, a aventureira” no meio da sala como se não houvesse amanhã, e o Lucca filma tudo com o celular já pensando em divulgar o vídeo quando ele for adolescente. O celular do Beto toca. “Alô, oi sou eu sim. O que? A minha esposa ligou pro seu celular e disse o que?” Tomei o telefone da mão do Lucca e mostrei o print da tela em que Paulinho Maluf fazia facebullying com o Lucca. Beto foi ficando vermelho, roxo, fúcsia! “Olha aqui Sr. Paulo Maluf, a minha esposa estava coberta de razão. Vai à merda. Passar bem”. Fecha a cena com todos dançando “Dora, dora, dora aventureiraaaaaaaaaaaa” como se não houvesse amanhã.