sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Família do Futuro



Esses dias, na festinha de aniversário de 2 anos do filho de um amigo nosso, (que é um bebê muito parecido com o diabo da tasmânia versão baby dos looney tunnes) aconteceu um negócio comigo que fez pensar no tipo de família modernosa que eu to construindo.

Na festa tinha piscina de bolinha e outras crianças, o que para Little Big é suficiente pra fazer uma balada; tinha cerveja gelada e amigos de longa data , o que para Big pai é suficiente para fazer uma balada; e tinha crepe e os docinhos decorando a mesa do bolo, o que pra mim tem sido suficiente pra fazer uma balada.

Papo vai, papo vem, Litle Big se acabando nas pinturas corporais e na piscina de bolinha, eu me acabando no crepe e Big pai se acabando na cerveja. O retrato de uma família feliz na festinha de criança (quem diria meus caros, já que um ano atrás era assim que eu era recebida em festinhas infantis).

A balada acabou tarde pra todos nós, eu empanturrada, Big pai meio breaco e Little Big sem os tênis, sem o casaco, e sem a mesma cor de pele com os quais havia chegado na festa. Enquanto Big Pai tomava a última cerveja, sai em busca dos Tênnis e do casaco (Tênnis embaixo da mesa do bolo e casaco compondo a decoração da porta da festa – coisas de Little Big) colocando tudo em Little Big que reclama do calor. Eu tentava explicar pra ele que só ele sentia calor porque estava correndo e pulando e produzindo energia, mas que nós estávamos com frio pois estávamos sentindo a temperatura do ambiente (tá legal, a explicação do calor por causa do pula-pula foi bem tosca, mas com criança não adianta tentar explicar muito elaboradamente). Ele acabou cedendo e colocando o casaco e os tênnis enquanto eu dava graças a Deus por poder mandar a roupa suja dele de volta pra Mãe.

Foi quando aconteceu, mais uma vez, o mesmo erro inevitável de quem nos vê nesse tipo de situação. Uma mulher adulta tentando convencer uma criança a colocar os tênis e o casaco só pode ser a mãe! Ou ainda tentando negociar no Supermercado se leva o Danoninho ou o Chamyto Big, só pode ser mãe! Que pede pelo amor de Deus pra o menino não nadar no fundo, e quando ele pergunta o que é fundo inventa uma unidade de medida baseada nas pernas do pai que faz o menino rir pra caramba, entrar na brincadeira e (ufa!) não nadar no fundo, é mãe né cacete!
Não minha gente, hoje em dia temos 1 divórcio pra cada 4 casamentos no Brasil. Isso formalmente, pois ainda não existem dados para as uniões estáveis e respectivas dissoluções. E como eu bem sei, graças ao bom Santo Antônio, meu chapa, os papais e mamães separados não viram celibatários, pelo contrário, eles tendem a começar novos relacionamentos, casar novamente, ter outros filhos... E assim nasce o que chamam por aí de família prisma, diferente da família piramidal tradicional com pai mãe filinhos cachorro e papagaio. Eu prefiro chamar de família do futuro!

Aliás, eu queria mesmo era difundir esse conceito pra todo país pra que situações como as que eu passo com Little Big não voltem a acontecer. Geralmente ele finge que não escuta a Tia desconhecida no supermercado: “Nossa, como seu filho é lindo, é a sua cara” haahahahaha
Ou o salva vidas da Praia: “Acho melhor obedecer sua mãe hein rapaz!”
Nessas horas ele costuma olhar pra mim e me lançar um olhar de missão secreta, do tipo, “Mal sabem eles que você na verdade é minha amigona, a minha Marinha, e não minha mãe”, e eu correspondo com um olhar “Tolinhos” e saímos contentes do recinto zombando da ignorância alheia.
Mas nesse dia da festinha seria diferente, pois Little Big, tanto quanto eu, queria era respeito para com a nossa família do futuro, ora bolas, Mãe é Mãe e Mari é Mari! Eu até tento colocar um pouco de ordem na bagunça, mas não sou mãe, e isso faz toda a diferença.

Assim que o pobre gordinho já meio embriagadado lançou, enquanto eu enfiava o moleton pela cabeça, desarrumando mais ainda o cabelo da criança: “Se preocupa não Little Big, que mãe e tudo igual” Biggzinho repondeu na Lata “Mas ela não é minha mãe!”.
Confesso que há tempos eu esperava ouvir algo do tipo, e suspirava de alívio sempre que a atitude dele era de indiferença com essas reações que a nossa proximidade causa. Já tinha até ficado acostumada a lançar o olhar secreto e sair por cima da situação, mas nesse dia ele resolveu responder e, no duro, a minha primeira reação foi ficar triste pra caramba. Little Big é parte importantíssima da minha vida hoje, e foi quem acendeu em mim o muito de mãezona que nem eu sabia que tinha. Aprendi sobre Pokemons (que segundo ele “involuem”) e sobre o Ominitrix do Ben 10, sobre Play Station e sobre como contar histórias para meninos. Aprendi que se eu disser pra ele que cobras comem ratinhos de “alobatório”, esses ratinhos vão ter óculos de grau e avental. Aprendi a dar bronca na hora da mãnha, aprendi a perdoar a birra, aprendi a beleza que é ver alguém se transformar em irmão, e ter a chance de acompanhar isso pro resto da vida.
Enfim, meio sem querer esse menino acabou significando muita coisa pra mim. Mas mesmo assim, eu não sou mesmo a mãe! E quer saber, foi bom um de nós ter tomado essa atitude, porque logo depois, chegando no carro eu ganhei um abraço todo suado e com a tinta da pintura do batman, enquanto aquele menino esperto olhou pra mim e disse: “Sabe, já tava cansado de confundirem a gente, você não é minha mãe, você é a Minha Mari!” É Little Big, Sou mesmo! E essa é a nossa família do futuro, que daqui uns 3 meses ganha novo integrante!