quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu era um delinqüente infantil!

Planejei friamente o crime:

Eu ia pegar o carrinho de bombeiro, aquele que ascende o giroflex e canta música quando anda, sabia que este era o brinquedo preferido da vítma.
Esperei ele acordar da soneca após tomar a vitamina de leite ninho com morango da Tia Sandra; empurrei o carrinho para o lado oposto da rota de fuga pelo parquinho;engatinhei desabalado para o triunfo, com o objeto de desejo na boca e ainda fiz bunda-lelê pra vítima que chorava de beicinho na sala de estimulação!

Foi assim que eu roubei a chupeta do Gustavo, enfiei na minha boca e engatinhei para a vitória!

E de uma vez só o Theo virou delinquente na escolinha e ficou com a ficha suja; Enfiou a chupeta alheia na boca, compartilhando bactérias, saliva e leite com morango; e mostrou pra mim que não importa o que o google ou a revista crescer digam, se eu não der chupeta pra ele ele vai roubar a chupeta alheia.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lester e Eu

Ok. O título já diz tudo (para quem assistia a TV cultura no início dos anos 90)!

Um rato entrou no meu apartamento!Em pleno século XXI, zona sul de São Paulo, onde apartamentos estão cercados por câmeras de segurança, portões automáticos e cercas elétricas, um rato entrou NO MEU apartamento. E comeu a banana da fruteira!
Pelo tamanho das mordidas na banana o rato era enorme, uma ratazana bem nutrida dessas de esgotão mesmo! Só de ver a minha secretéria do lar me mostrando a banana e cocozitos nojentos do roedor espalhados sobre o chão branquinho e imaculado da minha cozinha as minhas pernas amoleceram. Na hora imaginei o Theo enfiando os pequenos dejetos na boca, ou puxando o rabo da Ratazana pensando que era brinquedo. Pra completar ela me disse que achou ossinhos, repito OSSINHOS, embaixo do meu fogão! Oh God!

Dentre tantos ratos que habitam a capital paulista, justo o rato que adentra a minha residência tem de ser um rato canibal! Podia ser o Mickey, ou o Toppogigio ou o Jerry, o Ligeirinho enfim, tantos ratos bacanas que nunca, jamais, em hipótese alguma morderiam as minhas bananas, cagariam no meu chão ou comeriam seres da mesma espécie deixando ossos pelo caminho. Mas não, o meu rato era o Lester, do Beackman (lembra?). O Lester era um bêbado desempregado que a produção do programa achou em um beco qualquer, colocou um roupa bem bagaçada de rato gigante e permitiu que ele peidasse e arrotasse durante a gravação do programa. Esse era o Lester, o meu rato.

Sou muito cagada mesmo! Para completar a merda, Big está na Argentina a trabalho, sim o cara está internacional, e não, eu não estou gostando nada disso, principalmente quando Lester resolve dar as caras por aqui.

Muito rapidamente mobilizei todo o condomínio para exterminar Lester, e fiquei sabendo que ele andou cagando em outros apartamentos além do meu (mas só no meu ele resolveu comer outros da tribo, que fique bem claro)! Cara, nunca me senti tão amedrontada na vida, nem quando Big e eu fomos assaltados a mão armada.

Lester é meu arqui-inimigo! É o anti-herói deste humilde blog! Lester precisa morrer para que eu tenha a paz de espírito necessária para ficar sozinha com o Theo por duas semanas.

Se Lester não morrer e continuar a comer minhas bananas, a cagar no meu chão e a fazer rituais antropofágicos embaixo do meu fogão na calada da noite, declaro para todos os seres vivos, conhecidos ou não do meu apartamento (como já fez uma vez minha querida amiga Tia Baranga, muito tempo atrás) QUE O APARTAMENTO É DO LESTER! Eu saio e Lester fica, pois seres humanos do sexo feminino e menores de 10 anos de ambos os sexos não conseguem sobreviver no mesmo ambiente de Lester e seus semelhantes. E tenho dito!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Vingança de Marina*


Marina é aquela que podia ser a sua melhor amiga, a sua prima querida ou até você mesma! Marina adora cabelos compridos, comprar sapatos, comer junkie food (sem engordar é lóoogico) e odeia injustiça. Marina tem medo de pombas, pois uma já acertou seu joelho num rasante mal sucedido. Ela queria ter ido fantasiada de sininho no carnaval do pré, mas sua prima mimada teve um ataque de fúria quando viu a fantasia, que inclui mergulhos no chão, puxões no próprio cabelo e por fim, vômito. E sua mãe deu a fantasia de sininho para a prima. Ela foi no carnaval da escolinha vestida de Peter Pan, e se escondeu como pôde quando as tias resolveram dar a ela o prêmio de consolação de melhor fantasia e alguém chamava pelo microfone o Marino. Marina fala “Arnaldo Antunes” e não “Antônio Nunes”. Tomou um porre, achou que era Iemanjá reencarnada e mergulhou no mar de salto alto e rímel. Engoliu quilos de areia. Ela namorou 5 longos anos e levou todas as amigas bêbadas sãs e salvas para casa.

Ela é daquelas amigas que poderia ir na sua casa fazer as suas unhas, daquelas que seriam sua madrinha de casamento, que cuidaria do seu filho pra você poder se depilar. Marina é uma menina legal pra cacete, e é daquelas pessoas que eu particularmente odeio ver se dando mal.

Acontece que tem gente (acredite se quiser) que não enxerga Marina assim, como qualquer um pode ver, tem gente que enxerga na Marina um útero.

Sim, um útero meus poucos (porém queridos e estimados) leitores! Pois Marina é saudável, jovem e bonita. E é um bom útero. E só. Pois era assim que um certo otário enxergava Marina. E foi assim que ele a tratou (muito disfarçadamente) durante 5 longos e ingratos anos.

Ele levava seu útero para passear, comprava presentes para o útero, fazia planos para o útero, dava carinho para o útero. Ele amava o útero, e não porque ele tivesse algum sentimento romântico por um órgão reprodutor comum a todo e qualquer ser humano do sexo feminino. Não minha gente, ele amava o útero porque dele sairiam herdeiros. E é só nisso que o nosso personagem Otário Patriarcalista pensa quando olha pro útero, nos pequeninos Patriarcalistasinhos que vão sair de lá um dia.

Para preservar seu amado Útero/ Marina, Otário decide que vai realizar toda e qualquer putaria e mau-caratismo com outras. E essas outras não são Útero, elas são só vaginas mesmo. E, portanto, não tem a capacidade de dar ao nosso caro Otário os herdeiros que ele tanto espera ter um dia. As outras Vaginas são só pra se divertir mesmo.

E nosso personagem Otário Patriarcalista achou até interessante a idéia de se separar de Marina. Afinal de contas ele teria seu útero de volta a qualquer momento, era só avisá-lo de que ele estava pronto para casar e ter filhos com o Útero. Ele sabia, o Útero estava caidinho por ele.

Acontece que o Otário, imbecil que é, não pensou que a Vagina da vez estaria atenta aos movimentos do Útero e pensaria, muito inocentemente, já que o Otário havia perdido seu Útero amado, era a vez dela ser o útero! Ela seria promovida de vagina a Útero!!! Mas suas esperanças caíram por terra quando Otário foi enfático ao dizer que para ele ela iria ser Vagina para todo o sempre Amém! E que ele iria aproveitar este tempo que estava sem seu Útero para fazer de boba tantas vaginas quantas ele quisesse, e então, quando o Útero estivesse morrendo de saudades eles se casariam e teriam os herdeiros.

Vagina porém tinha um celular! E um celular, caros Otários de plantão, é uma arma poderosa na mão de uma mulher (considere você esta mulher um útero ou uma Vagina). E Vagina tomou coragem e ligou para o Útero/ Marina contando todas as peripécias de Otário nos últimos 2 anos.

E ai minha gente, Marina mostrou para Otário que ela não só não é um Útero, mas que seu cérebro é órgão muito mais importante! Marcou com vagina de se encontrar em um shopping e levou Otário para lá, fingindo uma possível reconciliação. Assim que se sentaram na praça de alimentação Marina começou a relatar para Otário tudo o que descobrira através de Vagina, e assim que ele começou a tentar negar Vagina chegou e se sentou ao lado dele o deixando com cara de, como eu vou dizer, MUITO OTÁRIO!

Marina foi embora e deixou que Otário e Vagina se entendessem na praça do shopping. Saiu de cabeça erguida, balançando os longos cabelos negros ao vento do ar-condicionado e dando esperança a todas as mulheres que um dia foram tratadas como úteros ou vaginas. Pois ela é Marina, e ser Marina, meu caro Otário, é algo que você nunca vai saber o que é, pois nunca enxergou Marina, nunca sentiu Marina, nunca amou Marina.

E Vagina, que é na verdade Renata, talvez tenha começado a se ver também como Renata, já que ela mesma se enxergava apenas como vagina...

*Esse post foi escrito com consentimento de Marina, seu nome foi mudado para preservar sua identidade. Marina é mulher de coragem e sabe que não foi a primeira a ser vítima do estigma da Dupla Moral. Sim minha gente eu estudei questão de gênero na faculdade, na verdade eu fui pesquisadora-bolsista sobre o tema, e um dos conceitos mais bacanas/bizarros é esse. O homem machista latino-americano enxerga duas categorias de mulheres existentes: As Santas e as Putas; as Pra Casar e as pra Comer; As Úteros e as Vaginas. Reduzindo os seres complexos e maravilhosos que somos nós mulheres a esses estereótipos tão pequenos e limitados.

Pois Marina é Santa e Puta, pra Casar e Pra Comer, é Poesia e Prosa, Quente e Frio, é Mãe e Amante. Marina é tudo que ela quiser ser, pois é mulher e por isso é como a Lua, que a é a mesma mas tem várias Faces ( e fases).

Pois é Otário, perdeu Playboy!

Mil vivas à Vingança de Marina! Pelo fim da dupla moral na educação dos nossos meninos!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Downtown

O Centro de São Paulo é um lugar que sempre me inspirou desconfiança. Não só pelas histórias bizarras e macabras (tem a clássica, de que os mendigos promovem churrascos de carne de cachorro aos finais de semana), mas também pelo Globo Repórter, que mostrava aquelas reportagens inesquecíveis sobre batedores de carteira e a famosa cracolândia; e finalmente pelo meu pai que me dava conselhos do tipo “Carregue a mochila na frente” quando sabia que eu ia ter de passar por lá.


Por essas e outras eu tinha medo de ir pro centro. Medo não, cagaço mesmo. Era um lugar que me acuava, me deixava insegura e desconfiando de todo e qualquer transeunte de boné que passasse por mim.

Pois para meu total desespero (e exercício de logística na vida a dois) tive que vir trabalhar no temido Centro de São Paulo nas últimas 2 semanas, lar de mendigos comedores de cachorro, nóias e pombas míopes que voam entre nossas pernas. Munida de mochila na barriga, carregando o peep toe na bolsa pra não enganchar o salto no paralelepípedo, lá fui eu pegar 1 van, metrô com 2 baldeações e 1 carona com Big até chegar a meu destino final, Praça da Sé, São Paulo, Centro.

Uma coisa bizarra do centro é que os prédios (antigos pra dedéu) ficam tão perto uns dos outros, que, dependendo de onde você para, fica difícil enxergar o céu. ME DA.

Mas eis que surge a salvação para minha ica do centro de São Paulo.

Dia 1 -Liquidação da Via Uno na São Bento (carregue o que puder por 29,90 – sapatos e 9,90 – cintos). Preciso dizer que me acabei?

Dia 2 – Visita a uma lojinha insuspeita que vende roupitchas muy guapas para trabalhar por preços módicos, e ainda dão 20% de desconto quando pago a vista (chama Vista a Vida e também fica na São Bento) onde comprei uma saia tulipa chumbo.

Dia 3 – Almoço numa cantina italianíssima no Pátio do Colégio, com direito a gnochi com molho de calabresa, gratinado com mussarela e sobremesa na faixa.

E fácil assim eu comecei a gostar do Centrão. Os prédios não parecem tão assombrados, os transeuntes não parecem malselementos, e os mendigos parecem só mendigos e não comedores de pets.

Além de ser um lugar bacana pra se entender um pouquinho melhor a salada que é a cidade de São Paulo!

Downtown Forever! Seria perfeito se não fosse tão longe da minha casa...