terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A queda do nosso dente de leite

... ou Carta aos leitores






As pessoas que costumavam ler o blog (até parece que eram tantas assim hehehe) ficaram um mês sem acesso, e pelo comentário da Bell no último post eu percebi que devia a todos uma explicação! Se eu lêsse sempre alguma coisa e de repente ela explodisse, saísse do ar, desse pau, surtasse e depois voltase, eu ia querer uma explicação! É por isso que abro o coração que (pasmem) bate por trás do meu meia-taça pra vocês...

Muita coisa (muita mesmo) aconteceu nesse um mês que eu bloqueei o Sutiã44. A primeira delas foi a descoberta da minha identidade secreta (Sim, a Sol é a minha identidade secreta hohoho) no trabalho. Como o lugar onde trabalho é muito do coxinha, meu desepero foi total e completo, já que, por mais que meu chefe e colegas saibam que eu não sou normal, acho que eles nunca imaginaram que meu vocabulário de palavrões fosse tão vasto. Mas isso foi o menos (beeeem menos) importante.

O que realmente me tirou do ar, junto com o blog e toda a minha capacidade de falar besteiras foi a possibilidade cruel que a vida nos proporciona de perder pessoas que nós amamos, e a realidade mais cruel ainda da culpa disso ser nossa.

O primeiro passo foi admitir que eu amo meu Big, por que ele é o homem que me aceita como eu sou, tem orgulho do tamanho do meu sutiã, me compreende, ri das minhas piadas, lê o meu blog, comenta nele, deixa o filho dele aos meus cuidados, grita pro mundo que eu sou a mulher da vida dele, segurou minha mão quando eu fiz minha tatuagem, me salvou no dia do assalto, foi meu chefe e me pegou mesmo assim, fechou os olhos e se jogou nos meus braços sem medo de cair, e eu quase derrubei... Mas quem amou já sabe o que é recomeçar, e nesse recomeço ficou muito claro pra mim que eu tenho do meu lado um homem, com H maiúsculo, e que como ele mesmo diz, já pagou muito veneno nessa vida e que me ama de verdade.

Pois eu grito aqui, pras pessoas que me lêem e sabem mais de mim do que muita gente que me conhece pessoalmente: Big, eu amo você! E quero casa, cachorro, papagaio, chaminé e uma bacurinha que vai falar "google"antes de mamãe, porque você é o homem da minha vida e eu vou ter muito orgulho de ter uma pessoinha, que é um pouco de mim e de você, andando por aí com o jeitinho de nós dois!



Eu fiz uma tatuagem;

Doeu;

(sem mais comentários dobre isso)



To procurando outro emprego, mas isso é assunto pra outro post;



Além disso minha gente, Biggizinho entrou em harmonia com a minha pessoa, e a gente decidiu juntos que eu não sou madrasta dele não, porque madrasta já é coisa do passado (eu disse, fiz a premonição no post A namorada do papai). A gente decidiu que, apesar de eu ser namorada do papai mesmo, eu vou ser tia dele, porque tia é muito mais legal, e ele já me falou que o meu presente de natal pra ele pode ser surpresa (malandro, mal fui promovida a tia, já tá garantindo o dele! Adoro esse muleque), e sábado é a formatura dele no pré, onde ele vai ser o Rei na encenação da Cinderela.

Vai ser o primeiro Rei banguela de toda a história da monarquia, já que ele estava com o primeiro dente mole, e, sentado no meu colo, brincando comigo da brincadeira idiota que eu mesma inventei e batizei de "A brincadeira do dente mole", que para os leigos consiste em fazer a coreografia do bonecão do posto (mas com cara de Dente) Biggizinho repentinamente cospe um pequeno pedacinho de marfim branco, olha pra mim com cara de importante e diz: "Titia, meu dente caiu!"



Acho que eu sei exatamente como Biggizinho se sentiu naquele momento, quando o dente caiu. É uma fase de mudanças, onde as coisas que não fazem mais parte da gente naturalmente se vão, e o que fica é aquilo que vai fazer parte da sua vida pra sempre. Um dente de adulto que vai nascer na boca do Biggizinho. Uma família que está se formando, um sobrinho que a vida me deu e o homem que eu amo na minha vida.

ps: A foto que ilustra o post é da minha bacurinha com o Big! É sério! não me perguntem como, eu tenho meus meios escusos hohoho

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Manual de sobrevivência ( parte 1) - Por que mulher precisa entender de mecânica




Se você é como a grande maioria das mulheres, que diz que não precisa saber de mecânica, que é só chamar o seguro e se por acaso furar o pneu do carro, você ainda ainda corre o risco do grande amor da sua vida parar para te ajudar. E como numa cena de “Mulheres Apaixonadas II - reloaded a missão!” sair de uma grand cherokee um Gianechinni melhorado, com 50cm. de braço, tatuado, lindo, que vai trocar seu pneu , deixar seu cartão e dois meses depois te pedir em casamento... Amiga, na boa, você é uma séria candidata à arrumar um namorado com um carro ou uma moto daquelas caríssimas, só para impressionar meninas de 23, 24 anos (com um carnê de 56 prestações), e estar caindo naquele ditado, que a dona Nadir (vó do Big-que Deus à te tenha) dizia. "Por fora bela viola por dentro pão bolorento".

Olha porquê:

Estava eu, junto com Big num "rolê" na periferia de Sampa, "Olha aquele boy, olha aquela mina..... Vamos passear no parque ôôô..... Fim de semana no parque ypê.......” Quando encontramos o Tio Zé, 48 anos, motociclista e roqueiro, e seu amigo Edsãnnnn, devia ter uns 40 ou quase, metido à tiozão Sukita, usando um óculos de sol provavelmente surrupiado do sobrinho de 13 anos.

Entre abraços, beijos e aquelas conversas "joga fora" do tipo qto tempo não nos vemos e etc, e eu lá pensando, buteco estranho com gente esquisita e já calculando a rota de fuga, caso um dos bêbados descamisados resolvesse escorar em mim... Minha concentração só voltou quando falaram alguém falou em tomar uma CERVEJA!

Para minha surpresa o tal do Edsãnnnn declinou do convite pois segundo ele disse, tão delicadamente: “Tenho que pegar um "mina". Após grande insistência para tomar uma (na verdade nem insistiram tanto assim) o tiozão aceitou e veio “estacionar” a moto. (Para as leigas, o ato de estacionar uma moto consiste simplesmente em baixar o pézinho de apoio da mesma. Sim. Só isso. Muito melhor que baliza, né não?).
Copos em punho, 32 graus à sombra, eu sinto um ar de indignação e hostilidade quando Big diz para o Edsãnnnn: “Cara se você passar em cima de um papel escrito prego vai furar o pneu da sua moto”.

E a gozação continuou, e eu muito da por fora no assunto pneumático, analisando o pneu da moto a fim de entender o motivo das gargalhadas, rapidamente diagnostiquei (malandra que sou): é um pneu, é preto, redondo e de borracha, e não está murcho nem furado. O que afinal de contas tem de errado cacete????

Então o Big disse sábiamente para o tiozão da Sukita que ele não poderia nem andar com a tal motoca, quanto mais buscar uma moçoila para por na garupa, já que o pneu tava mostrando até o “arame”. Quando percebi que o pneu daquela moto do power rangers vermelho estava tão gasto que estava mostrando o arame (isso mesmo caras leiotras, os pneus têm uma estrutura de arame internamente para sustentar a borracha e que, de acordo com o código de transito brasileiro, “deve ser substituído quando seus sulcos atingirem a profundidade de 1,6 milímetros, indicadas pela sigla T.W.I. (Tread Wear Indicator)! Rá! Tô manjando né! Que nada, foi o Big que me ensinou isso, vejam só, namorado também é cultura).

O power rangers aposentado esboçou aquele sorriso amarelo, só com o cantinho da boca e disse que ia trocar a PORRA do pneu esta semana , ou seja, to sem grana, mas mesmo assim querendo colocar a vida de uma pobre presa (leia-se, mocóila de 24 anos) em risco!

Fiquei imaginando quantas vezes nesta vida não me atentei para estes detalhes, digo, critérios mecânicos científicamente relevantes que podem ser avaliados antes de aceitar sair com um cara.

Vou preparar um check list para todas as mulheres avaliarem a segurança dos meios de transporte antes de aceitar um convite.Vou lançar a campanha: “Você já checou o óleo do seu peguete hoje?”

Ps: Começo a entender o porquê do “seu Dodô” (vulgo, pai da Sol!) vir com aquela desculpinha de querer dirigir o carro do Big.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Para mamãe e papai

... da filha que nós vamos ter




Quando minha mãe viu meu pai pela primeira vez ele estava de terno, com a gravata enfiada no bolso e os cabelos molhados. Eles se cumprimentaram com um aperto de mão meio sem jeito, se olharam por alguns segundos como se o mundo todo tivesse parado num suspiro, e depois disso não teve mais volta.

Eles ainda não sabem , mais daqui há um tempo eu vou nascer, e vou ter olhos tão grandes e vivos que meu pai vai inventar um apelido pra mim na primeira vez que me pegar no colo. E vai me chamar assim pelo resto da vida, até quando for me buscar na festa do pijama na casa da Bianca, na frente da 5ª. Série A inteira, quando eu vou ficar dois dias sem falar com ele.

Minha mãe vai cantar muito pra mim, e mesmo desafinada meu pai vai achar que ela tem a voz mais linda do mundo. Uma das primeiras frases que eu vou dizer é: “Mamãe, não canta mais!”. E ela vai rir muito e contar essa história pra todo mundo.

Com 11 meses eu vou andar, numa empreitada de força e coragem pra tentar pegar o escorpião no braço do meu pai, só pra ver se é de verdade. E vou chorar quando ele me explicar que é só um desenho. Essa história não vai sair da minha cabeça até os meus 3 anos e meio, quando vou pegar as canetas da minha mãe e desenhar no meu corpo inteiro. Meu tio vai tirar uma foto minha nesse estado e guardar a lembrança da criança mais tatuada de canetinha da história da humanidade.
Nesse mesmo dia, vou tomar um banho de bucha de 40 minutos, pra aprender que tatuagem mesmo só depois dos 18 anos.

Vou esquecer a lancheira na escola no meu primeiro dia de aula, a jaqueta no primeiro dia de faculdade e o celular no primeiro dia de trabalho. E o meu pai vai repetir todas as vezes: “Você é igualzinha a sua mãe!”

Meu irmão vai me ensinar a gostar de rock, a decorar a letra das músicas mais legais em inglês (mesmo eu mal sabendo falar português), a jogar as pererecas-estrelinha no lago do condomínio da vovó e vai ler comigo os gibis da Mônica, eu vou começar a chamar minha mãe de tia por causa dele, pra desgosto da minha mãe e diversão do meu pai.

Vou ganhar um cachorro quando tiver 6 anos, que vou chamar de “Contente”, e ele vai nadar comigo na pscina da chácara no interior. Eu vou quebrar um braço quando pular da jabuticabeira da minha vó achando que vou sair andando igual o Contente, e vou ver o olho do meu pai se encher de lágrima quando me levar pro hospital.

Vou me perder na praia dezenas de vezes. E o vendedor de milho vai me achar e me devolver pra minha mãe, que vai ficar uns 15 minutos me dando bronca, enquanto eu só consigo olhar pras sardas no nariz dela... Vou chegar em casa, olhar no espelho, vou ver que são iguais às minhas e vou me achar linda.

Passarei 16 anos da minha vida achando que o meu pai é o melhor homem do mundo. Depois dos 16 eu vou ter certeza.

As minhas amigas vão achar que os meus pais são o casal mais legal do mundo, o que vai me dar muito orgulho, mas não vai me impedir de brigar com os dois pra eles pararem de fumar.

O meu primeiro bikini vai ser vermelho, eu vou adorar fazer bolas de chiclete, e não vou gostar de tomar café da manhã.

Quando eu fizer 2 anos, minha vó vai me dar de presente um kit de bolinha de sabão e eu vou gostar desse presente mais do que de todos os outros pra desgosto geral do resto da família.

Eu vou chorar toda vez que meus pais cantarem pra mim: “Mamãe vai te dar um irmão zinho...” Até ver minha mãe grávida e meu pai conversando com a barriga dela e achar aquilo a coisa mais linda do mundo.

Vou me apaixonar várias vezes, vou sofrer também, vou encher a cara pela primeira vez aos 14 anos e minha mãe vai rir de mim por duas semanas a fio, eu vou fazer xixi de pé até os 7 anos e isso vai virar lenda entre as crianças do bairro.

Meus olhos vão ser cor de mel, eu vou odiar o meu cabelo até o dia em que o meu pai me ensinar a passar leave-in e obrigar minha mãe a parar de penteá-lo. A primeira palavra que eu vou falar é “papai” e a segunda é “google”, e minha mãe vai ficar triste por isso, mas só por cinco minutos porque meu pai sempre consegue fazer ela rir.

Big, além de sempre conseguir me fazer rir, e do recorde de tempo que eu consegui ficar realmente chateada com você não bater 13 minutos, você me dá segurança pra admitir que eu quero ser mãe, de um filho seu, que eu te amo e gosto de cuidar de você, que eu gosto de cuidar da casa junto com você... Eu passei 23 anos achando que existia alguém pra mim nesse mundo, depois que eu te encontrei eu tenho certeza!