quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Para mamãe e papai

... da filha que nós vamos ter




Quando minha mãe viu meu pai pela primeira vez ele estava de terno, com a gravata enfiada no bolso e os cabelos molhados. Eles se cumprimentaram com um aperto de mão meio sem jeito, se olharam por alguns segundos como se o mundo todo tivesse parado num suspiro, e depois disso não teve mais volta.

Eles ainda não sabem , mais daqui há um tempo eu vou nascer, e vou ter olhos tão grandes e vivos que meu pai vai inventar um apelido pra mim na primeira vez que me pegar no colo. E vai me chamar assim pelo resto da vida, até quando for me buscar na festa do pijama na casa da Bianca, na frente da 5ª. Série A inteira, quando eu vou ficar dois dias sem falar com ele.

Minha mãe vai cantar muito pra mim, e mesmo desafinada meu pai vai achar que ela tem a voz mais linda do mundo. Uma das primeiras frases que eu vou dizer é: “Mamãe, não canta mais!”. E ela vai rir muito e contar essa história pra todo mundo.

Com 11 meses eu vou andar, numa empreitada de força e coragem pra tentar pegar o escorpião no braço do meu pai, só pra ver se é de verdade. E vou chorar quando ele me explicar que é só um desenho. Essa história não vai sair da minha cabeça até os meus 3 anos e meio, quando vou pegar as canetas da minha mãe e desenhar no meu corpo inteiro. Meu tio vai tirar uma foto minha nesse estado e guardar a lembrança da criança mais tatuada de canetinha da história da humanidade.
Nesse mesmo dia, vou tomar um banho de bucha de 40 minutos, pra aprender que tatuagem mesmo só depois dos 18 anos.

Vou esquecer a lancheira na escola no meu primeiro dia de aula, a jaqueta no primeiro dia de faculdade e o celular no primeiro dia de trabalho. E o meu pai vai repetir todas as vezes: “Você é igualzinha a sua mãe!”

Meu irmão vai me ensinar a gostar de rock, a decorar a letra das músicas mais legais em inglês (mesmo eu mal sabendo falar português), a jogar as pererecas-estrelinha no lago do condomínio da vovó e vai ler comigo os gibis da Mônica, eu vou começar a chamar minha mãe de tia por causa dele, pra desgosto da minha mãe e diversão do meu pai.

Vou ganhar um cachorro quando tiver 6 anos, que vou chamar de “Contente”, e ele vai nadar comigo na pscina da chácara no interior. Eu vou quebrar um braço quando pular da jabuticabeira da minha vó achando que vou sair andando igual o Contente, e vou ver o olho do meu pai se encher de lágrima quando me levar pro hospital.

Vou me perder na praia dezenas de vezes. E o vendedor de milho vai me achar e me devolver pra minha mãe, que vai ficar uns 15 minutos me dando bronca, enquanto eu só consigo olhar pras sardas no nariz dela... Vou chegar em casa, olhar no espelho, vou ver que são iguais às minhas e vou me achar linda.

Passarei 16 anos da minha vida achando que o meu pai é o melhor homem do mundo. Depois dos 16 eu vou ter certeza.

As minhas amigas vão achar que os meus pais são o casal mais legal do mundo, o que vai me dar muito orgulho, mas não vai me impedir de brigar com os dois pra eles pararem de fumar.

O meu primeiro bikini vai ser vermelho, eu vou adorar fazer bolas de chiclete, e não vou gostar de tomar café da manhã.

Quando eu fizer 2 anos, minha vó vai me dar de presente um kit de bolinha de sabão e eu vou gostar desse presente mais do que de todos os outros pra desgosto geral do resto da família.

Eu vou chorar toda vez que meus pais cantarem pra mim: “Mamãe vai te dar um irmão zinho...” Até ver minha mãe grávida e meu pai conversando com a barriga dela e achar aquilo a coisa mais linda do mundo.

Vou me apaixonar várias vezes, vou sofrer também, vou encher a cara pela primeira vez aos 14 anos e minha mãe vai rir de mim por duas semanas a fio, eu vou fazer xixi de pé até os 7 anos e isso vai virar lenda entre as crianças do bairro.

Meus olhos vão ser cor de mel, eu vou odiar o meu cabelo até o dia em que o meu pai me ensinar a passar leave-in e obrigar minha mãe a parar de penteá-lo. A primeira palavra que eu vou falar é “papai” e a segunda é “google”, e minha mãe vai ficar triste por isso, mas só por cinco minutos porque meu pai sempre consegue fazer ela rir.

Big, além de sempre conseguir me fazer rir, e do recorde de tempo que eu consegui ficar realmente chateada com você não bater 13 minutos, você me dá segurança pra admitir que eu quero ser mãe, de um filho seu, que eu te amo e gosto de cuidar de você, que eu gosto de cuidar da casa junto com você... Eu passei 23 anos achando que existia alguém pra mim nesse mundo, depois que eu te encontrei eu tenho certeza!

11 comentários:

Alex&Elisa disse...

Eu tb quero fazer tudo isso quando eu crescer...

E que minha filha seja igualzinha à você, pq será lindo!

Beijos e tudo de melhor!!!

Alex

Sol! disse...

Voltando após um período de amadurecimento!

Sol! disse...

Teste

Ventura disse...

MEU DEUS, que coisa linda!

Ele chorou, né? Tem que ter chorado, hahaha...

Sâmia disse...

Carácoles!!!

Lindo! Lindo! Lindo! Com força!

Sol! disse...

Ele não chorou...

Mas quase! hehehehe

eu chorei escrevendo o suficiente por nós dois hehe

Anônimo disse...

rsrsrrs
Muuuito fofinhooo...
e vc chorar o suficiente pelos dois foi Mara.
=D

beijos

Bell Bastos disse...

Que lindo!!!!

Lindo lindo lindo lindo.

rbr disse...

Que linnnndo!!!

Anônimo disse...

ela tem que ler gibi da monica? não pode ser Recreio ou a revista das Princesas? como eh que eu vou ser o heroi dela? Tinha q dizer q ela vai parar a festa de formatura do pré dela pra gritar ` titio` qdo eu entrar no salao...

Juliany Alencar disse...

Que post mais fofo!!! Adorei!!!