... Ou o surgimento do Abominável
Apesar do Ervilho ter sido um ser aquático durante meses, a simples idéia de enfiá-lo todo molinho em uma banheira e com a outra mão ensaboar e enxaguar seu corpinho me deixava de cú na mão.
Ok, no hospital eles ensinam o banho técnico, e vc assiste tudo enquanto sua màe tira fotos, sua sogra da palpites e o Big anota o passo a passo numa cadernetinha porque é aplicado pra caralho. Mas em casa minha gente, tudo é diferente...
Você está a dias sem pentear o cabelo, dormiu menos de 4 horas durante a noite e tem alucinações com o choro do bebê (sabe aquela sensação muito real de que está ouvindo o toque do seu celular, fica horas procurando ele na bolsa e quando encontra vê que ninguém te ligou e conclui que tomou cerveja demais? É tipo isso, só que com chorinho de bebê e sem (infelizmente) a parte da cerveja).
Entre um mamada, uma fralda de cocô e uma soneca, tem a hora de tomar banho, que geralmente é meio dia porque mãe é tudo igual e nenhuma quer que o bebê pegue um resfriado. Então você adia o seu almoço, depois de já ter adiado o café da manhã porque era hora de dar de mamar, e começa o ritual:
1. Separar os apetrechos do banho: Banheira, sabonete, toalha, fralda, roupa que vai colocar, termometro, pomada pra assaduras, toda a coragem que deus lhe deu e se fosse possível mais 4 braços.
Enquanto isso, o Theo está no berço olhando importante para o móbile que ganhou do Tio Pedro, solta até gritinhos de alegria.
2. Encher a banheira com água na temperatura ideal. Tava frio então liguei o chuveiro quente. Botei a banheira no chão do box e comecei a encher. Banheira cheia, coloquei no suporte com meu muque materno e meti o termômetro na água. Quente demais. Joguei água fria, esperei um pouco. Termômetro outra vez. Ainda quente. Fui na cozinha buscar uma jarra pra por mais água fria. Passei pelo quarto do Theo onde ele já se desentendia com a girafa do móbile. Meti mais água fria. Ficou muito frio. Caralho! Coloquei mais água quente e desisti do termômetro, resolvi medir a tempêratura no estilo old scool, com o pulso mesmo.
3. É chegada a hora da verdade. Tirar a roupa do bebê e começar o banho! Cheguei no berço onde o Theo já tentava esganar a pobre girafa indefesa com as próprias mãos, segurei ele bem pertinho de mim e ele parou de chorar na hora! Mega fofo. Tirei a roupinha dele e fui recaputalando o passo-a-passo da aula de banho da maternidade (cadê a caderneta do Big???): Enrolar o bebê pelado na toalha; lavar primeiro a carinha e a cabeça, secar tudo; Meter ele na água e rezar para que você tenha sangue frio e coordenação suficientes para segurar um reçem nascido com uma mão enquanto com a outra aperta o frasco do sabonete líquido!
4. Enrolei o Theo na toalha e ele não estava gostando nada da idéia, pois apesar de ser recém-nascido ele não nasceu ontem e tava irritado com os bracinhos imobilizados. Começou a gritaria! Depois que eu lavei a cara e a cabeça dele tudo parecia ir muito mal! Ele se esguelava, se debatia, tinha um negócio muito errado... Caralho, quando é que vão inventar um leitor de mentes de Bebês?
5. Desenrolei o bebê. Ele chacoalhava as mãozinhas e as perninhas enquanto eu me sentia a criatura mais incompetente da face da Terra. Peguei ele peladinho, dei uma chacoalhada e cantei a música preferida dele, que como bom Corinthianinho adora o Jorge da Capadócia do Jorge Ben. Ele se acalmou, todo grudadinho na mamãe. Coloquei ele na água quentinha e começaram as caretas esquisitas, sendo a mais famosa delas a cara de Zacarias... Tava fazendo careta mas tava quietinho! Tudo ia bem! Segurei ele com uma mão e fui pegar o sabonete com a outra quando aconteceu!!!
6. Não, eu não afoguei o Theo na banheira, ele não engoliu sabão e o termômetro da banheira não caiu na cabeça dele (e sim, eu morro de medo que tudo isso aconteça). O que ocorreu foi a primeira manifestação do alter ego do Ervilho, a saber: A abominável criatura do cocô!
O abominável é implacável
Seu cocô é poderoso
Se safar é impossível
Ele vai cagar de novo.
E com esse versinho todo jocoso, fui derrotada pelo Abominável que se cagou (literalmente) de rir da minha cara, enquanto eu dava pulinhos e gritinhos segurando um bebê em meio a água quentinha cheia de cocô.
Ps: Tirei ele da banheira e pus na toalha, onde o Abominável fez MAIS cocô E xixi.
Ps2: Tive que começar tudo de novo. Mas depois que tirei a água cagada, mandei o termômetro e o roteiro do banho técnico à merda!
Ps3: O Theo adora banho, e só deixou o Abominável se manifestar uma vez. Tudo indica que foi a vingança contra o episódio da Vacina. Aqui se faz, aqui se paga...
Esse post é uma homenagem às queridas amigas Tia Baranga, Karina e Vanessa, que estão tomando coragem para terem seus ervilhos próprios. Gente, o Theo cagou na banheira e eu não tive nojo em momento algum! A única preocupação era que o cocô da água contaminasse o umbigo-cotoco dele! coisa de mãe...
em busca do sossego, sempre no lugar errado
Há 4 semanas