Ensaiei mais ou menos um mês pra postar sobre esse assunto delicadíssimo. Pensei diversas vezes em omitir essa passagem obscura da minha vida dos fiéis leitores do meu blog. Mas criei coragem e lá vai:
Quando me mudei pra São Paulo a fim de me virar, com meu par de peitos maiores do que o normal e um ideal de liberdade e glamour estilo Sarah Jessica Parker em Sex and The City, eu imaginava que passaria por provações. E elas vieram! Dois assaltos, psicopatas e uma tentativa frustrada de fundar um movimento revolucionário contra a ditadura do rímel, chapinha e peep toes...
Mas a prova maior estava por vir, e se eu passasse dela estaria apta a me dizer "solteira-peituda-auto-suficiente-com-muito-orgulho".
Tratava-se do meu primeiro convite para uma festinha de criança. E acreditem meus queridos, inexiste ambiente mais hostil para uma mulher como eu do que um local como estes, infestado de mulheres de meia idade, casadas (ou separadas), com uma bunda três vezes maior do que quando tinham a minha idade e cujo assunto principal é a cor da meleca que sai do nariz (ou outros orifícios, URGH!) de seus rebentos.
E lá fui eu, pra festinha de um ano da filha de um colega de trabalho. Felizmente eu tinha uma ótima carona, com um motorista Escorpiano... Mas existe um detalhe, que nem sei se já cheguei a comentar, o escorpiano vem com o kit completo (leia-se 3 tatuagens, ex-mulher, ex-namorada descontrolada - que aliás poderia ser até tópico para um outro post- e UM FILHO DE SEIS ANOS).
Confesso que a pespectiva de passar 40 minutos em um carro com o Escorpiano e seu filho de seis anos não foi nada confortável. Levando em conta que nós nos perdemos, a viagem durou mais de uma hora e meia e o muleque ainda quis cagar no caminho, eu percebi que subestimei a capacidade aterrorizante do pimpolho.
Cheguei na festinha pálida, tremendo de vontade de fumar e tomar uma cerveja, e mal sabia eu que meu martírio estava só começando...
Após acomodados em uma mesinha da varanda do bufet, ao som de Lua de Cristal remixada, o pesadelo começou!
Fase 1: Mãe de alguém.
A primeira coisa que eu percebi naquele safári infantil foi que, se você é uma mulher adulta, provavelmente é mãe de alguém. Partindo dessa premissa nada lógica eu comecei a balada sendo tratada como a mãe pré-adolescente do filho do Escorpiano! CARALHO! Tudo bem que hoje é normal engravidar aos 18, mas eu não tenho peitos de quem amamentou uma criança de 6 anos! (pelo menos eu achava que não). Fácil assim a esposa de um outro colega perguntou pra mim, no meio da rodinha, quando nós íamos ter outro filho. Senti meu rosto ardendo e também a necessidade urgente de tomar outro wiskie.
Fase 2: Namorada de alguém
Desfeito o mal entendido, parti pra fase 2, na qual, se você não é mãe de alguém é provavelmente namorada de alguém. E fácil assim fui rebaixada do posto de amiga do pai da anivesariante para o de Digníssima Senhora Escorpiano. O constrangimento durou todo o resto da "balada", até filmei os dois, Escorpiano e seu rebento, se divertindo a valer no "brinquedão" (para as leigas que, como eu, nunca tinham freqüentado festinhas de criança, brinquedão é aquele espaço do bufet com pscinas de bolinha e escorregadores maneiros).
Fase 3: Amante de alguém
Voltei pra casa orgulhosa de mim mesma, crente que tinha passado por mais esta provação da vida de solteira e fazendo até competição de maior bola de chiclete com o filho do Escorpiano. Mas o mundo é cruel com as peitudas, eu bem sei disso, e eu não sairia ilesa dessa. Não mesmo!
Menos de uma semana depois recebo uma ligação da mãe da aniversariante, até então esposa do meu amigo, agradecendo por eu ter comparecido na festinha e dizendo que me mandaria as fotos (nas quais eu figuro claramente como Digníssima Senhora Escorpiano) por email!
Prontamente pensei comigo mesma :"Ainda existem pessoas educadas e finas neste mundo, que te ligam pra agradecer a presença na festinha dos filhos". Mas, rapidamente a conversa mudou de rumo, e em poucos minutos a LOUCA estava ensinuando que eu estava tendo um caso com o marido dela!
Pronto! Fase 3! Se eu, com meu 44, minha calça jeans, meu rabo de cavalo e minhas botas plataforma não era mãe de alguém, nem namorada de alguém, eu obviamente tinha que ser amante de alguém!
Eu simplesmente não sabia o que responder para a tal mulherzinha!
O Escorpiano entrou em minha defesa no embróglio e meu amigo está agora se seprando!
E assim foi minha prova final!
Meu currículo de solteira independente está compelto!
- 2 assaltos
- 1 psicopata
- 1 tentativa de revolução
- e 1 motivo de divórcio!
Espero que agora eu possa viver no estilo Carrie Bradshaw, com sapatos maneiros, muito cosmopolitan e meu Escorpiano - Mr. Big a tira-colo! Mas não seria Carrie e nem Sol se a gente não se fodesse pra cacete nessa vida! Se tudo desse certo eu não escreveria um blog, e ela não escreveria uma coluna no jornal!