quarta-feira, 23 de julho de 2008

A Rainha do Meu Lar!!!!

... ou "Tem gente que vive chorando de barriga cheia!"


Nunca me importei em não saber cuidar de uma casa.
Nem com a minha bagunça.
Nem em comer sopa Vono toda noite.
Nem em ser uma Serial Killer de plantas (já matei 3 violetas, um lírio, uma samabaia e um pé de pimenta dedo-de-moça. E meus crimes tem até assinatura, todas morreram de sede e eu as assistia definhar lentamente, com um prazer sádico... Sabia que elas clamavam por água mas eu estava sempre com pressa pra sair ou pra chegar... tá, as vezes eu só fingia que estava com pressa hohohoho).

Todos esses graves defeitos foram superados pela mulher moderna, afinal de contas não é porque eu sou mulher que tenho que lavar um banheiro que é uma beleza, ou desenvolver receitas elaboradas nem muito menos ter tino pra jardinagem.

E o que muito me irrita hoje em dia são as pessoas (geralmente mulheres) que botam o maior cartaz do mundo porque engomam camisas e coisas do gênero. Ah... Vai tomá no cú, nem roupa na máquina eu consigo lavar decentemente (elas invariavelmente saem com muitas bolinhas multi coloridas que eu tiro com a gilette – sim eu sei que estraga a roupa e não, eu não me importo – ou com uma coloração meio tie die, num estilo bem neo hippie, mas que geralmente não cai bem nas minhas calças de terninho, fazer o que, se eu estou muito à frente do meu tempo no quesito moda do mundo empresarial).

Tudo isso a gente supera hoje em dia com uma maravilhosa invenção (feminina é lógico): a assistente para assuntos domésticos.

Eu precisava de uma, era fato!

Antes que eu matasse alguma outra planta, tomasse uma overdose de Vono ou que os fungos do azuleijo do banheiro criassem uma facção estilo PCC e se rebelassem contra mim e Baranga, a pobre alma que divide apartamento comigo e tem uma estranha atração por homens extremamente feios.

Mas a tarefa de encontrar uma profissional gabaritada para esta função não é nada simples, e faltava tempo para uma pesquisa de mercado aprofundada. Até que ocorreu o episódio de minha não escalação pra seleção oficial de um megalomaníaco trabalho escroto da empresa. Fiquei de fora, e o pior, nem reserva do esquema eu sou, digamos que eu sou gandula... Melhor, vendedora de amendoim amanhecido pra arquibancada vazia. Ou seja, sem absolutamente PORRA NENHUMA pra fazer.

Saí então à caça da minha assistente, com uma pequena lista de requisitos básicos:

1. Não pode ser crente, pois existe sexo antes do casamento no meu lar (Graças a Deus!!!!)
2. Não pode se assustar com pessoas feias, ou a Baranga nunca mais poderia namorar
3. Deve aceitar meu copo de café dentro do armário, minha pilha de sapatos, o banquinho que eu faço de criado mudo e meu pseudo-tapete extremamente brega, mas que foi presente da minha vó.
4. Precisa viver em paz com a quantidade inenarrável de jornais espalhados pela sala, pois Baranga é uma pessoa bem informada e afoita por notícias do mundo, e eu só leio a ilustrada mesmo... Do dia anterior (tenho uma tara por horóscopos vencidos, pra ver se o astrólogo acertou saca?)
5. Deve compreender meu ódio por plantas ornamentais, flores e afins e meu conseqüente amor secreto pelos fungos e suas colônias anárquicas.
6. Não pode ter preconceito com cigarro, isqueiros, cinzeiros e tudo mais relacionado ao fumo.
7. Tem que ter todas essas características sem dar opinião nas singelas vidas de Sol e Baranga.
8. Precisa ser Legal
9. Não quebrar coisas importantes (leia-se, os engradados de cerveja)
10.Fazer faxina com o rádio ligado na Clube FM, uma havaiana de cada cor, cabelo preso no estilo coque-espanador, cantando as letras de música estrangeira em português e rindo das nossas piadas (porque se não for assim eu e Baranga achamos que não fica limpo de verdade)

Lá fui eu, com minha lista singela de características profissionais, com a gana de encontrar alguém apto a enfrentar esse desafio do mundo capitalista: Dar conta do apartamento de duas solteiras em São Paulo.

Passaram-se dias, semanas, e nada... Finalmente eu me conformei de que não existia a profissional que eu procurava. Eu tava fodida, e Baranga, a contra gosto, já estava traçando a estratégia do nosso plano de contingência contra o Primeiro Comando dos Fungos do banheiro...

Quando então, em mais um dia de marasmo no trabalho, saí pra fumar meu cigarro, humilhada como tinha de ser, já que eu estou recolhida à insignificância de vendedora de amendoim amanhecido e encontrei! Ela, que eu tanto procurei!!! A rainha do meu lar! Lá no fumódromo estava Zilda, e foi amor a primeira vista!

Ela ri das minhas piadas ( e das da Baranga também, mas aí eu já acho que por educação porque eu sou beeeeem mais engraçada hahahaha), ainda fuma um cigarrinho comigo e fica toda hora repetindo “Eu não acredito que vc deixava o Mr. Big entrar aqui antes de vc me contratar...” pois é Zildinha, nem ele acredita.

Ps: Esse post é uma homenagem à todas as Assistentes para Assuntos Domésticos desse país, mas em especial à Zilda, que não perde a coragem e o bom humor nem diante de um histórico terrível de violência doméstica, física e psicológica. E eu aqui reclamando por ser vendedora de amendoim amanhecido na empresa... E ganhando pra isso! Tem gente que vive chorando de barriga cheia, né Zildinha?
Inclusive eu!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Amores Malditos...

...e outras inspirações embriagadas

Coração na boca
vida boba
eu mandei tudo se foder
e me fodi toda!

Coração fodido
vida desgraçada
a língua dele em meu ouvido
uma frase embriagada

Coração bêbado
vida vadia
me revelando o segredo
de que finalmente chegara o dia
em que tudo o que eu dizia sem medo
acabava, mesmo quando eu não queria
virando uma PORRA de poesia

pra Paulo Leminski e Alice Ruiz
pra esse amor maldito
que hoje estranhamente vivo
mas nunca quis