Eu tinha que tomar uma atitude! Mas qual???
Pronto Socorro?
Não...tenho medo de morrer naquelas macas de corredor que sempre passam no Jornal Nacional, nas mãos de algum médico boliviano que amputou minha perna direita ao invés de fazer uma inalação.
Todas as pessoas que dirigiam estavam fora de casa, me contorcia sozinha tentando não tossir ainda mais para não completar o aborto natural que sofria o meu pulmão direito. O desespero tomou conta de mim, e repentinamente preocupações que antes eu nunca tinha tido pipocaram no meu pensamento:
"Se eu morrer agora, quem irá no meu enterro?"
"As pessoas vão se lembrar de mim como se eu nunca tivesse feito nenhuma merda durante a vida?"
"Vão me passar aquelas maquiagens anos 80 quando eu estiver no caixão?"
"Caralho, eu nem experimentei todas as drogas que eu queria!"
"Cadê a porra da minha carterinha do plano de saúde?"
"Eu quero minha mãe!!!!!" (Tudo bem, esse pensamento já tinha passado pela minha cabeça, várias vezes, mas eu tenho que manter a minha fama de durona, então vamos fingir que foi só nesse momento de extrema necessidade!)
Ilhada entre o aborto espontâneo de um pulmão, o sumiço da carteira do meu plano de saúde e um breve ataque alérgico relacionado à maquiagens dos anos 80, não restou mais nenhuma opção a não ser... Ligar para um ex-ficante. Sim, eu apelei, e isso vai contra todas as regras das mulheres solteiras de 20 e poucos anos que ainda conservam o mínimo de caráter, mas se tratava de um Armagedon, e eu precisava de um ombro amigo (ainda mais se o ombro viesse acompanhado por um braço da largura do meu pescoço!).
Em poucos segundos meu resgate chegou, sendo composto de: um ex-ficante, a Bocão chingando a atendente do plano de saúde, a Cúia, excepcionalmente branca, correndo pelo Restaurante Universitário da Faculdade tentado encontrar alguém que dirigisse e a Baby já tirando o carro da garagem.
Cheguei no Hospital escorada no ficante e a cada suspiro eu sentia que meu pulmão estava prestes a ser realmente expelido pelo meu corpo.Fui ao banheiro e tirei o sutiã pra respirar melhor e tive que agüentar o guardinha do hospital de olho no meu farol aceso. Nem morrendo a gente tem um pouco de paz...
Resultado da Aventura:
- Vou ter que ficar três dias de repouso, ainda bem que esse é o terceiro e último, e hoje eu já posso ir pro bar.
- Nunca mais ando com carteiras de plano de saúde vencidas, e estendo o conselho a qualquer mulher solteira que more longe dos pais.
- Vou deixar um testamento, pedindo que o Duda Molinos faça meu make up no velório, porque morrer com a cara da Sônia Braga em Dancin´g Days é muita humilhação!!!
- Contratei um jagunço e dei pra ele a lista de todas as pessoas que eu espero que compareçam ao meu enterro. Portanto, se eu morrer, apareça pra me dar adeus, ou você pode acabar tendo o mesmo destino que eu!
- Passei minha doença pulmonar para o ex-ficante, mas enfim, ele é maior de idade e vacinado, sabia o risco que corria! (sim eu estou sendo má, o cara realmente foi um fofo e eu sei que terei de retribuir a gentileza...)
- Por último, porém não menos importante, descobri que tenho amigas que nunca me deixariam morrer de aborto pulmonar, que com certeza compareceriam ao meu enterro e que jamais, em hipótese alguma, permitiriam que eu fosse enterrada com cara de Madona quando ela ainda era puta e não lia a cabala.
Meninas, obrigada! Pela preocupação de todas e pelo senso de humor até nas horas mais difíceis!
Amo vocês!
Ass: O Pombo Mais Legal desse mundo!!!
Ps: com a licença poética do "só doi quando eu respiro", já que meu aborto pulmonar me fez sentir na pele essa emoção...