quinta-feira, 20 de maio de 2010

(Re)Voltando ao Trabalho

Foto Vincent Kessler, Reuters

Na foto, congressista dinamarquesa vota com a filha em cima da bancada do parlamento! Já pensou aqui no Brasil! A gente já aproveitava e jogava a fralda cagada no Sarney!

Deixamos o Theo na Escolinha e ele olhou pra gente e fez beicinho. Pronto! Virei pro Big e disse:- Será que não é melhor voltar pra casa, ele tá chateado! Vou vir buscar ele as 6 e ele vai estar chamando a cozinheira da creche de mãe!
Não colou!
Fui trabalhar com o característico nó na garganta que é item de série de toda mãe, e um letreiro piscando CULPA em letras garrafais na minha testa, mas esse é privilégio de mães que trabalham.
Cheguei no pico e não poderia ser mais estranho, a empresa mudou de prédio enquanto eu estava de licença, portanto além de voltar ao mundo real eu ia ficar perdida na balada, de salto alto e sem o Theo. Ó céus. Achei até esquisito andar por aí sem ele a tira colo, bolsa cheia de badulaques, blusa babada e cantando músicas inventadas por mim mesma, tais como:

"A minha mãe é assim
O amor do neném
E eu fico carrapatinho
E não enxergo mais ninguém"

cantada em ritmo de forró e com coreografia elaborada com jogadinha pra frente (ele adora, um dia eu tomo coragem e posto outras pérolas da música infantil criadas por mim mesma). Apesar de estar sem ele tive umas 3 alucinações com choro de bebê ao longo do dia, além de continuar com a mão cheirando a hipoglós.

Cheguei no andar da minha área e em menos de meia hora todo mundo já tinha visto umas 15 fotos do Theo, em todos os ângulos, e concordado que a Jhonson's Baby tá perdendo muito dinheiro sem o bebê mais fotogênico do mundo em seu casting. Contei sobre a escolinha e como sobre ele já é uma criança de personalidade, cujo passatempo preferido é relaxar na piscina de bolinhas e arrancar o brinco da Tia Socorro (que é berçarista e não deveria trabalhar com um brinco tão grande).

Falei do cocô, da hora do banho, da papinha, de como ele brincou com a terra e nem quis comer, mas quis jogar a caca na cara da mamãe pra ver o que acontecia. Falei um pouco de trabalho mas logo lembrei dele de novo, e do cheirinho, da mãozinha segurando meu queixo. Entrei no banheiro e chorei de saudade.

Chorar no banheiro é assim, um hobby!
Como eu podia deixa-lo? Sozinho, longe da mamãe. Será que ele ia achar que eu não voltaria pra ir buscá-lo? Será que ele ia ficar bem? Comer bem? Será que a berçarista canta pra ele enquanto troca a fralda? Ou dá um abraço gostoso depois do banho? Será que eu ia aguentar guardar em mim, o dia inteiro, todo amor que eu sinto por ele?
Me torturei com perguntas como essa por alguns minutos. Olhei pra minha cara no espelho e decidi que eu era foda, e que eu ia conseguir ser mãe e trabalhar fora, e eu não fui a primeira e nem serei a última. Me encaixei no scarpan de novo e fui decidida pra minha mesa entoando o mantra: "Eu sou foda e o Theo tá bem", "Eu sou foda e o Theo tá bem", "Eu sou foda e o Theo tá bem", "Eu sou foda e... Meu peito ta vazando"! Caralho! Droga! Molhou toda a blusa! Lancei moda no ambiente de trabalho, camisa de alfaiataria com uma rodela de leite em cada peito! Era o fim! Era o cúmulo da falta de glamour empresarial!Glórinha Kalil vomitaria sangue se me visse nesses trajes.

Corri pro ambulatório onde tem uma salinha de amamentação e passei os próximos 50 minutos tirando leite do peito. Voltei pra minha mesa humilhada, cheirando queijo e querendo mais ainda ir embora pra buscar meu bebê.

Revi meus colegas, minhas amigas, percebi que eu virei a consultora oficial para assuntos de gravidez/bebês e percebi que tem um monte de gente que gosta de ouvir as hitórias do Theo, ou pelo menos finge que gosta hehehehehe

Agora o melhor do meu primeiro dia de trabalho foi a hora que o theo me viu na porta da Escolinha, abriu um sorriso e se jogou no meu colo (Logo depois ele começou a tentar arrancar a minha blusa desesperadamente como se fosse a última chance de mamar da vidinha dele).

Ele chegou em casa sem faltar nenhum pedaço, limpinho, cheiroso, bem alimentado! A gente brincou, se curtiu e matou um pouquinho da saudade, porque o resto ele resolveu matar de madrugada, em suaves prestações, costume que obrigou a mamãe a se contentar com 4 horas de sono por noite.

Moral da história, voltar a trabalhar foi muito bom, o Theo fez amigos na escolinha e eu voltei pro mundo real, mas certas coisas nunca mais serão as mesmas na minha vida agora que meus peitos não me obedecem mais!

12 comentários:

Unknown disse...

Faltsm 3 meses pra eu voltar... e lendo seu texto me bateu um pânico sem tamanho.
Força na peruca que vai dar tudo certo (tem que dar tudo certo!)
Bj

Gisa disse...

Liiiindo Sol...!

J. disse...

"Logo depois ele começou a tentar arrancar a minha blusa desesperadamente como se fosse a última chance de mamar da vidinha dele..." Eu ri muito. Que gracinha. Pena eu não ter espírito materno e vontade nenhuma de ser mãe, mas acho fofo essa união mãe e filho... Pena só termos informação da sua parte, imagina da dele ! :)

Giovana disse...

Que relato mais lindo e bem humorado!
Parabéns, adorei!

Todas sentimos isso e você descreveu tão bem!

Beijokinhas,

Gi & Lucca

Inêssa disse...

A sensação de querer dar meia volta não passa, a vontade de falar só dele não passa e o maior amor do mundo também não diminui, ao contrário, aumenta (eu sei parece que é impossível, mas aumenta). E a certeza de que a gente é mesmo foda por ser mãe pro filho, mulher e profissional também é renovada a cada dia.

Sol! disse...

Ai, será que cabe em mim ou explodo? heheheheheheh

É nóis na VEJA!!!!

O seu Civita poderia me ceder uma coluna na Cláudia né, ou na Nova, ou na Womens Health...

Né?

Oi?

Alguém???

Diane Lorde disse...

Senti sensações muito semelhantes ao deixar meu doce japakid na creche da prefeitura mas, hoje passados 4 meses sei que cuidam tão bem quanto eu cuidaria e que realmente seria impossível trabalhar com ele ao lado.
Coragem, tenha certeza de que esta fazendo a coisa certa!

Karina Mendes disse...

adorei a parte da fralda cagada na cara do Sarney...rs
desejo boa volta ao trabalho e o Theo é lindo!

Sâmia disse...

Coragem, mulher!
Beijão

Para Meninas disse...

Oi lindona posso coneguir uma saia bandage preta M sim..te aviso semana q vem =))
Bjkssssssss

Vê Guimarães disse...

Xiiii, eu fiquei 2 anos em casa e voltei a trabalhar tem 7 meses, imagina o desespero né... AInda bem que ela fica com uam pessoa de confiança, mas memso assim, me corta o coração todo dia...

Cruela Veneno da Silva disse...

ai ai..
até chorei - acredita?

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