quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Terra da garoa, muita garoa...GAROA PRA CARALHO!


Lá estava eu, de mochila e taieur na mão, indo pra São Paulo participar de uma dinâmica de grupo. Sim, pois após o fatídico fim da minha monografia e das aventuras pelo mundo acadêmico, é chegada a hora em que a água bate na bunda e a gente tem que ir procurar um emprego.


Desci do ônibus no Tietê e fui procurar a saída pro metrô. Já nesse meio tempo parecia que estava escrito na minha testa em letras garrafais CAIPIRA (logo abaixo do caipira tinha um "Me assalte", mas ainda bem que ninguém reparou). Achei o metrô depois de perguntar pra umas 3 pessoas onde era, as duas primeiras fingiram que eu não existia.


Entrei correndo, com medo de cair naquele buraco entre a plataforma e o vagão (coisa que só caipira tem medo mesmo) e sentei.


Foi então que um tiozinho começou a olhar com cara de reprovação pra mim. Pensei : "Caralho, tô cagada? Muito decotada? Tenho cara de mau-elemento? Qual é o problema desse vovô???"


Percebi finalmente que o problema não era eu, e sim a mnha mochila, que por acaso tem o tamanho de uma criança de sete anos. A televisãozinha do metrô, que me causou arrepios devido a sua modernidade, me avisava pra ficar à direita nas escadas, permanecer atrás da faixa amarela pra embarcar no trem e para COLOCAR AS MOCHILAS NA FRENTE DO CORPO E NÃO NAS COSTAS. Ok tiozinho, entedi o recado.


Saltei na estação e quando cheguei na catraca a minha amiga Anariá, idiota, segurava uma plaquinha colorida e brega onde se lia o meu nome e um "WELCOME TO SP", bem no naipe daquelas plaquinhas de aeroporto. Ninguém riu, só eu que quase mijei na calça.... O humor do povo de SP tbm é cinza.


No dia seguinte tava um tempo bunda. Nem sol nem chuva. Um frio congelante e a gente tinha que estar as 8 horas na Paulista (pra isso estávamos de pé já as 6 da madrugada...). Embecada dentro de um terninho colorido, pra contrastar com a nebulosidade monocromática paulistana, fomos eu, minha amiga e meu scarpan pro lugar da entrevista. E foi aí que eu reconheci o valor das trabalhadoras da capital... Três quadras e eu já estava com os pés latejando, depois de poças d´água puladas, escadas e ladeiras, tudo sem descer do salto. Vivas à arte milenar de usar salto alto em São Paulo.


Depois de tomar muita garoa na cara (sim, pq a chuva de são paulo é horizontal, portanto não adianta ter guarda-chuva) meu cabelo já não era mais o mesmo. Mas fui com a cara (molhada) e a coragem pro lugar da dinâmica. Quase fui atropelada no primeiro semáforo mas prossegui! Entrei no prédio e avistei meus concorrentes, pior AS MINHAS CONCORRENTES!!! Todas elas de terninho preto, camisa branca e esmalte clarinho E a idiota aqui com a roupa mais colorida que tinha na mala e ainda por cima de unha vermelha, só pra mandar São paulo tomar no cú.


"Pronto, rodei" pensei eu com minha cabeça úmida. Avistei as saídas de emergência mais próximas, ainda era tempo de desistir. Talvez São Paulo não me quisesse mesmo, e o ataque terrorista dos terninhos pretos e unhas de enfermeira era só mais um aviso, juntamente com o tiozinho do metrô e a garoa na cara.


Mas não! Não viajei 5 horas e meia num busão sem ar condicionado pra sair correndo nos 45 do segundo tempo, afinal de contas eu sou uma mulher ou um saco de batatas???


Seis horas depois estava na Augusta tomando uma breja, tão cosmopolita que ninguém poderia dizer que eu não sabia andar de metrô. Depois vimos uma peça bem cult na Paulista (onde a Anariá teve uma crise de riso que contaminou metade da platéia).


Terminei a noite num forró com toda a sorte de imigrantes nordestinos, que dançavam muito bem por sinal, mas que eram impegáveis (pra se ter uma idéia a melhor cantada da noite foi : "Imagina nós dois, de mãos dadas, passeando no shoping!"... Mas o cara era vesgo), rindo muito e paquerando um baterista esquisito (era o cara mais bonito da balada) mas que nem percebeu a minha existência.


Minha incursão na capital paulista terminou após um churrasco de intelectuais uspianos que discutiam sobre as representações sociais do candoblé, e sobre o quanto é mais legal estudar os xavantes do que os guaranis.... Mas que não sabiam fazer caipirinha! Que vergonha USP, que faculdade é essa da qual se sai sem saber beber cachaça?! É por isso que eu faço Unesp, e a Anariá é unespiana de coração.

Por fim comi um frango de padoca, e fui embora num domingo ensolarado, desta vez com a mochila na frente, sem pular o buraco do metrô e já sentindo saudades de garoas horizontais, de churrascos onde eu sou a bar-woman e principalmente de um certo apartamento na Vila madalena e sua moradora divertida, que mantém com orgulho suas raízes do sertão, só pra mostrar pra capital que ser colorido e divertido é bem mais legal!

São Paulo realmente contamina a gente.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

TCC - Totalmente Cheia de "cí"




A calamidade desse último mês se resumiu à minha ficha "calatográfica"...
Pra começo de conversa, se eu soubesse da existência da Monografia antes de prestar vestibular teria feito um curso técnico... Qua é a utilidade de um trabalho que, além de você mesma, só será lido por mais três pessoas? (fazendo uma projeção otimista)
E o pior, quando você pensa que o suplício terminou, pois entre introdução e referências bibliográficas salvaram-se todos, é aí que se engana, o "Fantástico Mundo do Acadêmico" preparou mais algumas pegadinhas para você!
A primeira delas é o sumário. Sim, porque como qualquer iniciante nesse mundo, onde a Plataforma Lattes é o Orkut e o site da Capes o Vídeo Show, eu achei chique de doer fazer um TCC com muitos títulos e subtítulos. Confesso que era uma das horas mais legais da minha sofrida produção acdêmica. Dar nomes bizarros aos 567 tópicos do meu trabalho. E qual não foi meu desespero ao perceber que todos esses tópicos deveriam estar no sumário, seguidos de malditos pontinhos até chegar aos números das páginas (que deveriam se localizar exatamente uns embaixo dos outros)!!!!!!!??????
Me recompuz, recorri ao tópico de "ajuda" do word e seu clips animado idiota, provavelmente inventado por um analista da Microssoft que não teve infância,e consegui descobrir, maravilhada, que Bill Gates, "o espertinho", deu um jeito de fazer o sumário por mim.
Passado esse susto veio a ABNT. Também não vejo lógica em haver uma Associação Brasileira de Normas Técnicas, que todo ano muda as normas de apresentação de trabalhos acadêmicos só para que pessoas manés como eu percam tardes de sono e noites no buteco formatando citações. Recuo de 4 cm. pra lá, tamanho de fonte 11 pra cá, noves fora o espaçamento simples e... Pronto, fase da ABNT superada!
Com o trabalho semi-pronto fui até a biblioteca da faculdade pra fazer a minha ficha catalográfica. Um quadradinho na folha de rosto responsável por classificar em três linhas um trabalho que você demorou oito meses pra fazer. Entreguei toda orgulhosa sumário, resumo e folha de rosto pra bibliotecária e dormi uma noite de sono tranquila.
Eis que no dia seguinte, abro meu e mail e lá está! Ela, a famigerada, ficha calatográfica com o TÍTULO do meu trabalho escrito de outro jeito. Mas um jeito que talvez era o certo! Caralho!!! Eu tinha feito capa, folha de rosto, sumário, folha de aprovação, enfim, toda essa merda com um erro crasso no título...
Já me imaginei sendo açoitada pelo Pasquale, enaqanto o Prof. Tiburcio do Rá-tim-bum esperava sua vez (sim, eu tive pesadelos com ele e sua cara branca quando criança... Aliás, o maquiador da TV Cultura nessa época não tinha coração, a cara do Prof. Tibúrcio parecia a do Ney Matogrosso na capa do Secos e Molhados, com um pouquinho mais de crueldade no olhar... Sem falar naquela boneca gigante horrorosa, que fazia papel de repórter, e o cara moreno da Brastemp era o câmera dela... Depois não entendem porque a nossa geração enche tanto a cara).
Corri para meu único ombro amigo nessas horas, Aurélio Buarque de Holanda. Porém até mesmo ele me deixou na mão. Diante desse quadro desesperador, entre Pasquales, profs. Tibúrcio e intrumentos de tortura, imaginei minha defesa da monografia começando com um erro de português na banca examinadora. Corri pro computador e me rendi à opnião da bibliotecária. Ela certamente bebe menos do que eu, tem portanto mais neurônios e conseqüentemente está certa.
Voltei pra casa pronta pra levar, finalmente, a monografia pra gráfica...No meio do caminho percebi a burrice que eu estava fazendo. O meu título estava certo! A bibliotecária da faculdade, que certamente tinha acabado de se alfabetizar no Mobral , é que estava errada. Volto correndo pra mudar outra vez o título e todo o resto, e também pra dar um jeito na tal "calatográfica", que continuava, calamitosamente, com um erro de "calatografia".
A atendente gente boa da biblioteca me disse que eu mesma podia consertar a cagada. Fui então, feliz e contente, pra Sessão de Graduação, perguntar quantas cópias em espiral eu tinha que entregá-los. Depois que eu fiz a pergunta a funcionária me olhpou com cara de quem ia vomitar:
- É no departamento que entrega o TCC, não aqui.
Não me resignei diante de tanta animosidade... Uma senhora com um corte de cabelo daqueles só podia mesmo ser de mal com a vida. Perguntei educadamente:
- Tudo bem, só queria saber quantas cópias são, você sabe?
Ela então tirou um misterioso livrinho branco de algum lugar debaixo do balcão e praticamente lançou na minha cara.
- Esse é o regulamento do Trabalho de Conclusão de Curso do Direito. A resposta deve estar aí!
Peguei o livrinho e fui borocoxô pra casa. Além de ter deixado uma bibliotecária mobral afundar anos e anos de leitura na minha vida, eu descobri, no dia de mandar encadernar o TCC, que existia um REGULAMENTO sobre ele.
Repirei fundo, fumei um cigarro e fui pra gráfica... Pronto! Mesmo com erros de ortografia, regulamentos extemporânepos e citações fora da ABNT, a coisa tá feita. Já quase me formei, posso quase comemorar e depois me considerar uma quase desempregada.
Pelo menos não vou ser uma funcionária de mal com a vida e cabelo estilo o da Araci Balabaniã em Sai de Baixo; muito menos uma biliotecária dislexa... Chego no máximo a advogada bebum, porém sem medo de ser feliz (ou de ser açoitada pelo Pasquale e pelo Prof. Tibúrcio).
Ps: A Larica acha que o professor Tibúrcio ainda da aula... Existem pessoas pior que eu!Ufa!